Publicado em 24/08/2017 às 19h31.

Naufrágio na Baía: órgãos batem cabeça sobre informações e saem da reta

Quem vai informar (sabe) número exato de passageiros, sobreviventes, desaparecidos e mortos em uma das mais graves – senão a mais – tragédias na Baía de Todos-os-Santos?

Evilasio Junior
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba
Foto: Alexandre Galvão/ bahia.ba

 

Apesar da relevância nacional e mesmo mundial da tragédia que deixou vários mortos na Baía de Todos-os-Santos, na manhã desta quinta-feira (24), os órgãos envolvidos no atendimento e apuração do caso não conseguem prestar informações precisas sobre questões básicas, não só à imprensa, mas aos familiares. A situação é surreal.

Se de um lado a associação responsável pela lancha Cavalo Marinho I não sabe exatamente quantas pessoas estavam a bordo – pela falta de controle na emissão de passagens –, do outro a Marinha e a Secretaria de Segurança Pública batem cabeça sobre a quantidade de mortos. Em balanço, a pasta da Saúde (Sesab) sequer arriscou.

Mais cedo, a Agerba, responsável pela regulação do serviço, tirou logo o seu nome da reta.

De 23 mortos divulgados no fim da manhã, o número passou para 18 no meio da tarde – inclusive por intermédio de um prefeito (!) – e no início da noite a SSP contabilizava 14 ingressos no Instituto Médico Legal (IML), com sete, 10, 11 identificados – em questão de minutos.

Embora seja normal a constante atualização em ocorrências do tipo, a conjuntura é estarrecedora pela quantidade eminente de retificações, que demonstram a total imprecisão dos dados. Não há um ente público que consolide as informações, mesmo os que são da mesma esfera de poder.

O caso é tão digno de um filme de Luís Buñuel que integrantes de órgãos suscitaram a hipótese, em conversa com o bahia.ba, de passageiros sobreviventes terem procurado atendimento particular, ou mesmo dispensado auxílio, e passarem ao largo de uma estatística oficial.

E se, entre as vítimas, houver algum turista independente, sobretudo estrangeiro, cuja família não faz ideia da realização/localização da travessia? Quando alguém der por falta e notificar o desaparecimento, aí será considerada a possibilidade de a pessoa ter sumido no acidente? “Para onde foi?” Salvador, Dali.

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