Neto renova concessão da Praça de Ondina para camarote do primo

O prefeito ACM Neto (DEM) garantiu por mais cinco anos o funcionamento do Camarote Salvador, de propriedade do primo Luís Eduardo Magalhães Filho, o “Duquinho”, na Praça de Ondina. O contrato, inicialmente firmado em 2011, transformou o ex-prefeito João Henrique Carneiro no inimigo “número 1” do “Movimento Desocupa Salvador”, criado para questionar a ocupação das áreas públicas para atender a interesses privados.

A Premium Entretenimento, empresa que tem o parente do gestor municipal como um dos sócios, conquistou a renovação do pacto, que expirou em 2015, quando havia a possibilidade da abertura de uma licitação pública para escolher um novo inquilino carnavalesco para o local. Este ano, um terreno vizinho à Praça de Ondina, de propriedade da Aeronáutica, que mede 5,1 mil metros (metade da área ocupada pelo Camarote Salvador), foi locado pela quantia de R$ 706 mil para a instalação de outra zona VIP da folia.

Segundo o Ministério Público, não há ilegalidade no processo e o valor do contrato é compatível à realidade do mercado. Já a Secretaria de Urbanismo da capital (Sucom) preferiu justificar que a tenda luxuosa de entretenimento correria o risco ser instalada fora do circuito, se houvesse negativa de renovação do Município, o que poderia contribuir para a redução de turistas com alto poder de consumo na região.

Enquanto alguns defendem que a área poderia ser oferecida ao “folião-pipoca”, que curtiria gratuitamente a “festa de Momo”, a prefeitura acredita que a manutenção do acordo com o camarote – que tem capacidade para até 5 mil pessoas por dia, passaporte unitário de R$ 1.890 e pode arrecadar quase R$ 10 milhões por noite – é um grande negócio para os cofres públicos.

Como contrapartida, além do aluguel, o Camarote Salvador assumiu o compromisso de criar um projeto social com práticas esportivas para crianças carentes na região fora do período carnavalesco.