Publicado em 30/11/2015 às 13h34.

O perigo de uma história única: a África é um país

Difundir um novo foco de estudos africanos na Bahia é o principal objetivo de rede pesquisa que será criada no I Seminário Internacional de Herança Intelectual Africana

Juliana Dias

Se você alguma vez disse ou ouviu dizer que a África é um país e que a única contribuição das “tribos” africanas para o Brasil e para Bahia foi a alegria, cuidado! Você foi vítima de uma história única. O perigo que você está correndo é desumanizar o outro e um dos alertas mais conhecidos foi dado em 2009 (veja vídeo abaixo), pela escritora nigeriana Chimamanda Adichie, em uma das conferências da organização TED (Technology, Entertainment, Design).

Não importa se você é estudante, professor, artista ou analfabeto: o conhecimento equivocado sobre o continente africano e a contribuição dos povos africanos para a cultura, costumes e história brasileira e baiana ainda paira no imaginário coletivo da população, gerando estereótipos que reforçam ainda mais o racismo à la democracia racial.

Combater o pensamento único e estereotipado sobre a África e seu legado na Bahia é o principal objetivo da Rede Internacional de Pesquisa sobre a Herança Intelectual Africana (Rephiafrica), que reunirá pesquisadores, professores, alunos, movimentos sociais e culturais nacionais e internacionais, e todos os interessados em contribuir com a difusão de um novo foco de estudos africanos na Bahia.

Ainda em processo de estruturação, a Rede será o principal desdobramento da primeira edição do Seminário Internacional de Herança Intelectual Africana: outra dimensão histórico-cultural, que começa nesta terça-feira (01) e segue até o dia 04, na reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no auditório da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e na Biblioteca Pública do Estado da Bahia. A inscrição é gratuita e pode ser feita até terça-feira (01), no blog do evento.

“O seminário é uma metodologia para construção dessa rede. Além da criação desse mecanismo que trará à cena outra perspectiva sobre o continente africano e seus povos, vamos propiciar aos professores da rede estadual e municipal de ensino maior contato com a proudção intelectual africana”, destaca Flávio Gonçalves, coordenador de Políticas de Educação Superior da Secretaria da Educação do Estado da Bahia. A iniciativa de realização do Seminário é da pasta estadual, no âmbito do Programa Educar para Transformar – Pacto pela Educação e integra as atividades da Década Estadual Afrodescendente, decretada na Bahia, pelo Governador Rui Costa, no dia 21 de Setembro de 2015.

Na programação do seminário, há exibição cinematográfica moçambicana, rodas de conversa sobre a Lei 10.639/03 ( ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas), palestras e mesas-redondas sobre a diversidade de pensamento africano, tanto acadêmico quanto sócio-educativo. “É uma iniciativa ímpar e oportuna que temos para abrir outras perspetivas sobre a compreensão da presença africana civilizatória na Bahia e no Brasil”, enfatiza o ativista e militante social, José Raimundo Bujão.

 

 

 

 

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