Publicado em 26/11/2015 às 13h00.

Vulnerabilidade da vida de pessoas negras motiva projeto social

Inspirado no movimento estadunidense “Black Lives Matter”, projeto social realiza intervenção na Praça do Aquidabã nesta sexta-feira

Juliana Dias

Todas as vidas importam, porém quando um segmento específico é mais vulnerável à exclusão social e ao racismo, são necessárias ações como a da campanha Vidas Negras Importam, que realiza sua primeira intervenção pública, nesta sexta-feira (27), no Terminal de Ônibus da Aquidabã, às 14h. Através de bate-papos, música, grafite, poesia, performances, intervenções e ação de prevenção às DSTs e AIDS, a iniciativa pretende interpelar transeuntes sobre a importância da vida da população negra, a mesma que anualmente e de modo sistemático lidera as pesquisas que retratam a taxa de homicídios de jovens e adultos, população carcerária feminina e masculina, feminicídio, população em situação de rua, assassinatos por homofobia, mortalidade infantil, entre muitos outros indicadores.

O alerta público, que acontece na rua, faz parte do Projeto Itinerante Próxima Parada e foi inspirado no movimento estadunidense “Black Lives Matter”. Segundo a idealizadora da iniciativa e do projeto, a estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Cetilá Itas, o objetivo da campanha é chamar a população soteropolitana para uma reflexão sobre a seriedade ou a falta dela, com que as diversas violências pelas quais a população não-branca está exposta e é vítima no país. “As vidas da população negra não podem ser tratadas como algo sem valor. Não apenas a população negra em geral, mas especialmente alguns grupos que fazem parte desta população, como as pessoas em situação de rua, mulheres, gays e lésbicas, profissionais do sexo, etc, que são mais vulneráveis à violência e à banalização dela”, ressalta.

Foto: Loiá Fernandes
Foto: Loiá Fernandes

 

A rua como palco para manifestações de cuidado, amor e apoio. É dessa maneira que Jucy Silva, diretora executiva do Instituto Cultural Steve Biko – instituição parceira da iniciativa – interpreta a ação coletiva que vai marcar o espaço da rua, local onde muitas pessoas negras em situação de rua são invisibilizadas. “A gente sabe que muitas dessas pessoas estão nessas condições por falta de oportunidades, seja na escola ou no mercado de trabalho. Essa intervenção é uma forma de fortalecimento e preocupação com essas vidas negras que estão num patamar maior de exclusão social”, destaca.

Vida Digna – O Projeto Itinerante Próxima Parada começou suas atividades em março de 2014, através da iniciativa da estudante Cetilá Itas que, com uma máquina de escrever, livros e marcadores de página, percorre espaços públicos da cidade de Salvador promovendo e incentivando o hábito da leitura e da escrita entre a população em situação de rua, por meio de interpelações, tais como “Escreva um pouco sobre suas emoções e ganhe um livro”.  Segundo a jovem de 29 anos e moradora do Centro Histórico, o projeto cria um ambiente de socialização entre a população a quem se dirige e os transeuntes. “Existem muitas histórias de vida a serem contadas pela população em situação de rua e nem todas elas estão relacionadas ao envolvimento com as drogas”.

O projeto é independente e geralmente acontece graças à procura de outras pessoas sensibilizadas com a causa. Os espaços que Cetilás costuma ir são pontos de parada de ônibus e locais como a Praça da Sé, Praça Marechal Deodoro (conhecida também como “Praça da Mãozinha”, no Comércio) e Praça do Aquidabã. Para contribuir com as ações do projeto, a estudante comercializa carteiras feitas com materiais recicláveis e camisas das campanhas.

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