Publicado em 10/12/2018 às 15h20.

Alzheimer: uma doença que não tem cura, mas pode ser retardada

Doença é provocada por uma alteração no cérebro que acarreta na morte dos neurônios, resultando no mal funcionamento cerebral

Rayllanna Lima
 Foto: Reprodução/TerapeutaMoyses
Foto: Reprodução/TerapeutaMoyses

 

O começo do fim. Assim pode-se definir a doença que afeta milhares de brasileiros que chegam à fase idosa da vida. O mal de Alzheimer é uma enfermidade que, quando identificada no paciente, acarreta em uma série de mudanças na vida do portador e na rotina de seus familiares. Trata-se de uma doença que ainda não tem cura, mas que pode ser retardada se alguns cuidados forem tomados.

Em entrevista à Tribuna da Bahia, o geriatra Leonardo Oliva explicou esse longo processo que envolve identificação da doença, diagnóstico e acompanhamento familiar para que o idoso tenha um melhor tratamento durante o desenvolvimento da doença. O que se sabe do Alzheimer até então é que trata-se de uma doença neurodegenerativa, que acomete idosos a partir dos 60 anos e ainda não possui causa bem estabelecida. Ocorre uma alteração no cérebro que provoca a morte dos neurônios e resulta no mal funcionamento cerebral.

O primeiro estágio é o esquecimento de pequenas coisas realizadas no dia a dia. “A gente percebe que é um esquecimento, principalmente dos eventos mais recentes. A memória mais antiga continua, mas a mais recente começa a ser prejudicada. Esquecem recado, não conseguem acompanhar notícias, não sabem onde deixaram alguns objetos. Um dos primeiros sintomas da doença é a apatia. O indivíduo fica mais calado, mais isolado”, explica.

“Essa falta de memoria inicial começa a interferir nas atividades diárias, na realização de tarefas domésticas e atividades no trabalho. Na medida em que a doença avança, os esquecimentos vão se tornando mais fortes e acabam interferindo em outras áreas da cognição, no comportamento. E então os idosos começam a ter dificuldade em exercer as tarefas diárias mais simples, como relacionadas à higiene. Até evoluir para um caso mais grave, que o paciente fica acamado”, resume o geriatra.

Diagnóstico – O diagnóstico do Alzheimer é feito através de avaliação clínica. Habitualmente são recomendadas consultas com um médico geriatra ou neurologista.

“Primeiro escuta o paciente e os familiares, para identificar as dificuldades. Em seguida são realizados testes cognitivos para avaliar a memória. Se confirmada as dificuldades em realizar tarefas simples, a gente dá o diagnóstico sindrômico, informando que tem possibilidade de ser síndrome demencial – que tem Alzheimer como demência mais prevalente”, detalhou.

Segundo Leonardo Oliva, a partir dessa constatação são realizados exames laboratoriais e de imagem para afastar outras doenças, haja vista que não há um teste específico e Alzheimer não é a única causa de demência. Outras patologias, inclusive, são reversíveis.

Tratamento – Por ser uma doença progressiva e que não ter cura, o tratamento é sintomático. As medicações que são liberadas pelos especialistas visam desacelerar o processo de perda da memória. “Mas não melhora, nem interrompe o processo da doença, que infelizmente continua avançando”, destaca o geriatra.

Além dos remédios, uma série de terapias podem ser significativas para retardar o Alzheimer, como fisioterapia e terapia ocupacional, além de outras atividades que ativam o cérebro. Quando mais saudável o paciente se manter, menos a doença progride.

“É preciso se manter o mais saudável possível, assim a doença progride mais devagar. Doenças como hipertensão, diabetes, obesidade e colesterol alto precisam ser tratadas. A gente considera que o que é bom para o coração é também é bom para o cérebro. Então tem que manter todas as doenças bem controladas, atividade física regular, peso adequado. Não fumar, beber pouco e reduzir sobretudo a carga de estresse”, aconselha o geriatra.

Família – O acompanhamento familiar é fundamental para o tratamento da doença. Mas a atenção dos familiares com o idoso deve começar antes mesmo do diagnóstico. O médico Leonardo Oliva aconselha que problemas de esquecimento, mesmo que pequenos, não devem ser considerados apenas como algo relacionado ao avanço da idade.

“Esse é um dos maiores erros que a gente, como indivíduo, comete. A gente perde a chance de identificar a doença no início e se preparar melhor para enfrentar o que está por vir. Qualquer sintoma nesse sentido é preciso ir a um médico da área de geriatria ou neurologia para fazer a avaliação correta. A partir daí começa a desenvolver uma programação de como agir, quais dificuldades serão enfrentadas e como lidar com elas. Isso tudo torna mais fácil no momento de enfrentar a doença”, pontua o geriatra.

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