Publicado em 29/11/2024 às 11h00.

Mauro Cid atuou para manter acampamentos golpistas em frente a quarteis, diz PF

Mensagens mostram que ex-ajudante de ordens foi acionado por militares diante de ações do poder público

Redação
Foto: Felipe Sampaio/STF

 

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, atuou para manter acampamentos golpistas na frente dos quarteis, aponta investigação da Polícia Federal sobre uma suposta trama para asssinar o presidente Lula. Mensagens apreendidas em seu celular indicam que ele foi procurado por militares para intervir em ações do poder público que afetavam o grupo que se mobilizou no fim do governo passado.

Segundo o jornal O Globo, os diálogos constam em relatórios da PF anexados ao inquérito sobre a trama golpista, no qual Cid e Bolsonaro foram indiciados pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Por volta das 6 horas da manhã do dia 15 de dezembro de 2022, Cid recebeu um áudio de um tenente do Exército lhe avisando que poderia ocorrer uma ação da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) para efetuar prisões “na área do QGEX (Quartel General do Exército)”. Cid, então, pergunta: “Mas para PM ou PF?”, ao que o seu interlocutor respondeu: “Minha fonte é PM”.

Em seguida, o tenente-coronel envia uma notícia que fala sobre uma operação deflagrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes para prender mais de 80 bolsonaristas naquele dia. A decisão, no entanto, se referia a mandados de busca e apreensão contra organizadores de bloqueios ilegais em rodovias. “Quem vai parar este cara”, reagiu o tenente.

Em 19 de novembro, um tenente-coronel de Caxias do Sul (RS) pediu orientações a Cid sobre como deveria proceder em relação a uma recomendação do Ministério Público Federal que pedia a desmontagem do acampamento montado na frente do quartel daquela cidade.

Cid respondeu em áudio: “Tá recomendado… manda se foder! Recomenda… está recomendado. Obrigado pela recomendação… Eles não podem multar. Eles não podem prender. Eles não podem fazer porra nenhuma. Só vão encher o saco. Mas não vão fazer nada, não”.

Diante da resposta do militar, a PF concluiu que “Cid aconselhou ignorar a pedido do MPF e manter os manifestantes em frente à unidade militar”.

Após virar alvo de investigações, Cid decidiu fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e deu informações como integrantes do governo Bolsonaro e das Forças Armadas se articularam para manter o ex-presidente no poder.

“Tais fatos demonstram que integrantes das Forças Armadas encaminhavam e solicitavam ajuda a MAURO CID em relação a ações do poder público contra os manifestantes que defendiam atos antidemocráticos nas proximidades de unidades militares. Cabe ressaltar que MAURO CID, há época dos fatos, ocupava a chefia da Ajudância de Ordens do Presidente da República, não tendo qualquer atribuição para lidar com as referidas demandas”, diz o relatório da PF.

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