Lama em Abrolhos: sem laudo, Marinha segue discurso do governo

Secretário Eugênio Spengler não acredita que mancha seja proveniente de Mariana, mas já admite possibilidade

Luís Filipe Veloso

A Marinha do Brasil utilizou a mesma linha de argumento da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) sobre a possível chegada dos dejetos da lama da barragem de Mariana (MG) ao litoral sul da Bahia e informou na tarde desta sexta-feira (8) que realizou “uma sondagem preliminar na área marítima situada nas proximidades das cinco ilhas que compõem o Arquipélago de Abrolhos, não tendo, entretanto, observado vestígios da mancha”.

O mesmo texto encaminhado pelo Comando do 2º Distrito Naval à imprensa considera a necessidade da análise do material e pontua que “pesquisadores e técnicos de Arraial do Cabo (RJ), oriundos do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), estão sendo deslocados para a região, a fim de iniciarem a coleta de amostras da água no local da mancha e no interior do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, para posterior exame dos seus componentes”. O resultado da análise só sairá em 10 dias.

Na manhã desta sexta, após sobrevoar a região por duas vezes, o secretário Eugênio Spengler afirmou ao bahia.ba que “na área de Abrolhos a água está Cristalina. Não há, pelo que vimos a olho nu, nenhum indicativo de que a lama esteja ameaçando Abrolhos”. Mais tarde ele reconheceu que, embora não acredite, há possibilidade de a mancha identificada no oceano não ser apenas resíduos de árvores e da chuva, como cogitava, mas sim sedimentos lançados ao mar após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, no interior mineiro.

Na noite da última quinta-feira (7), em uma coletiva de imprensa, a presidente do Ibama, Marilene Ramos, falou sobre a mancha próxima ao arquipélago e afirmou que os técnicos têm “praticamente certeza de que se trata da lama da Samarco”, proveniente do acidente ocorrido em Mariana.