Publicado em 22/01/2019 às 21h40.

Meninas são autoras de 42 das 55 melhores redações do Enem

Provas foram aplicadas nos dias 4 e 11 de novembro a mais de 4,1 milhões de estudantes em todo o País

Redação
Foto: Reprodução/Agência Brasil
Foto: Reprodução/Agência Brasil

 

Mulheres são maioria entre os candidatos “nota mil” na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Das 55 redações que tiraram a nota máxima na prova, 42, ou seja, 76%, foram escritas por mulheres, informou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame.

O Enem foi aplicado nos dias 4 e 11 de novembro a mais de 4,1 milhões de estudantes em todo o país. O tema da redação foi Manipulação do Comportamento do Usuário pelo Controle de Dados na Internet.

A maior parte dos estudantes com a nota máxima é da Região Sudeste, que concentrou 33 dos melhores textos – 14 eram do Rio de Janeiro e 14 de Minas Gerais. A Região Nordeste aparece em segundo lugar, com 14 textos nota mil. Em relação aos municípios, o Rio de Janeiro lidera com cinco redações, seguido por Fortaleza, com quatro.

Estudante nota mil – A estudante Aimée Utuni foi a única nota mil de Franca, São Paulo. Aimée conta que, para treinar escrevia quatro redações por semana. Com a proximidade do exame, a estudante chegou a fazer 30. “Na hora que eu vi a minha nota, não acreditei. Sabia que seria alta, mas não mil”.

Aimée, que pretende usar a nota do Enem para concorrer a uma vaga em curso de medicina, diz que sempre gostou muito de ler e escrever, mas o diferencial, segundo ela, foram os estudos de filosofia. “Com a filosofia, aprende-se a enxergar o mundo ao redor de uma maneira que não seja superficial. Entende-se além e não se fica no senso comum.”

Para a estudante, o tema deste ano é algo que faz parte do cotidiano. “Hoje você faz uma pesquisa do Google sobre sapato, vai ao Facebook e, de repente, aparece oferta de sapato. É o que está acontecendo, e tem muita gente sendo enganada com isso.”

Como proposta de intervenção social, uma das exigências da redação do Enem, Aimée menciona a população e diz que é preciso desconfiar mais da internet: “[É preciso] buscar fontes seguras de conhecimento e formular a própria opinião. Não ler algo na internet já achando que é verdade.”

A mentora de Aimée é também mulher, a professora de redação e filosofia Regiane Pedigone Segatini, que recebeu uma homenagem pelo Facebook da estudante: “Como diria Isaac Newton, se eu vi mais longe, foi por estar apoiada nos ombros de gigantes. Re, vc é a minha gigante, minha protetora!”

Filosofia, filmes e ioga

A professora Regiane ressalta que os dados divulgados pelo Inep reforçam algo que ela observa no dia a dia. “As meninas são mais estudiosas, mas comprometidas com o estudo de forma geral”, diz a professora. Elas são também maioria entre os que ingressaram na faculdade, 54%, de acordo com o último Censo da Educação Superior, e as que mais concluíram os estudos, cerca de 60% do total.

À Agência Brasil, Regiane, que é dona do 100% Redação, curso de língua portuguesa em Franca e Ribeirão Preto, em São Paulo, deu também algumas dicas para um bom texto. O preparo para fazer uma boa redação no Enem vai além de simples técnica, diz a professora. O cursinho que Aimée frequentou nos últimos três anos oferece também aulas de humanidades, sessões de filmes, aulas de ioga e técnicas de respiração. “O aluno tem que saber interpretar texto e, para isso, precisa saber o contexto histórico e o contexto filosófico.”

A professora destaca também a necessidade de despertar o interesse dos estudantes para que eles mesmos tenham a iniciativa de se informar e estudar. Filmes e documentários são usados como porta de entrada para obras clássicas da literatura e para a leitura de pensadores. Um dos programas recomendados por Regiane é o Café Filosófico, do Instituto CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz.

“Não obrigamos os estudantes a nada, colocamos tudo nas mãos deles, até a escrita. O jogo é muito aberto. Explicamos que, se o aluno faz, vai ter resultado. Se não fez, vai colher também [as consequências]”, acrescenta.

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