Publicado em 07/11/2017 às 20h00.

Calebe Lopes: ‘Aos poucos, brasileiro descobre o que é cinema daqui’

Em entrevista ao bahia.ba, o jovem cineasta baiano fala sobre a situação dos filmes de terror brasileiros, vender seu trabalho em Cannes e o papel do streaming

João Gabriel Veiga
Foto: Reprodução/Facebook
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Quando se pensa em cinema nacional, normalmente se pensa em “Cidade de Deus”, Walter Salles ou Glauber Rocha. Ou quem sabe nas comédias que infestam as salas do tipo multiplex, como “Minha Mãe É Uma Peça” ou “Se Eu Fosse Você”. Os filmes de terror nacionais, que datam desde antes até do Zé do Caixão na década de 1960, possuem um longo histórico, mas permanecem longe do olhar do público.

Um dos nomes mais expressivos da cena jovem baiana, Calebe Lopes traz seu novo curta-metragem, “Um Dia é Da Vida, o Outro é Da Morte”, para o festival Panorama Internacional Coisa de Cinema, que começa nesta quarta-feira (8) em Salvador, após passagem por outras mostras como o CineVirada e o Short Film Corner, uma vitrine comercial de Cannes. Nem a sinopse da película no site da mostra esconde: Calebe é um aficionado pelo gênero de terror.

Com um conhecimento e interesse pelo terror que ultrapassam seus 21 anos de idade, Calebe conversou com o bahia.ba sobre sua trajetória como cineasta independente, sua experiência no mercado estrangeiro e reflete sobre o circuito nacional de cinema. Para aqueles que acham que o terror se trata apenas de susto e sangue, ele não mede palavras para provar por A+B que, se Freddy Kruger e Dario Argento cativaram seu público, é porque há algo no assustador que reflete o mundo ao redor.

Confira a entrevista na íntegra:

Foto: Reprodução/Facebook
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bahia.ba – “Um Dia É da Vida, O Outro É da Morte” vem para Salvador com o festival Panorama Coisa de Cinema após uma passagem em Cannes, na seção Short Film Corner. Como a experiência te mudou enquanto cineasta?

Calebe Lopes – Basicamente, ela me fez aparecer no mapa. Eu inscrevi meu filme para uma mostra de mercado, e tive a oportunidade de entrar em negociações, apresentar meu filme para outras pessoas. O que acontece é que o Short Film Corner é muito estigmatizado no Brasil porque muitos cineastas jovens inscrevem seus filmes e, quando são aceitos, divulgam como se fosse para a categoria competitiva, só que não é: é uma mostra de mercado. Então, várias pessoas acabam pegando um pouco de ranço dessa seção do festival por causa disso. Isso aconteceu um pouco comigo, mas não por iniciativa minha. Eu ganhei espaço na mídia local, fui para a televisão, jornal físico, rádio, portal de internet etc., porque a mídia gostava disso de “filme baiano no festival de Cannes”, mas não era bem no festival de Cannes em uma mostra competitiva, como ficava parecendo. Isso fez com que muitas pessoas tivessem um problema comigo sem me conhecer. Então, o meu maior benefício com o festival de Cannes aconteceu aqui dentro do Brasil. Isso fez com que eu deixasse de ser só um guri que faz curtas com amigos, ‘amadorzão’. Eu tinha muito uma cabeça de amador. Tudo isso de falar com a mídia, falar com as pessoas, vender o filme… Eu comecei a finalmente me enxergar como cineasta.

.ba – “Um Dia É da Vida, O Outro É da Morte” trata de um assassinato no campus universitário e as consequências desse crime. Enquanto universitário, quanto da sua experiência pessoal transbordou para o filme?

CL – O filme já nasce da minha própria experiência enquanto universitário, da minha ingrata surpresa de estar na Ufba. Os primeiros meses, quando eu comecei a frequentar o campus de Ondina, foram de muita observação do espaço, dos corpos se movimentando naquele espaço e qual era a relação que cada aluno tinha com o espaço do campus. Eu comecei a meditar muito sobre isso. Também tem a questão da falta de segurança. A gente está na universidade federal, um lugar que supostamente é muito cabeça-aberta e que incentiva vários tipos de liberdade, mas ao mesmo tempo há uma constante falta de segurança, um senso de urgência, de que você não pode andar ali sozinho em tal lugar, em certo horário. Tem assalto, tem assassinato, tem crime… Você entra naquele portão e parece que você está fora do mundo exterior, que é uma cidade dentro de outra cidade – mas a paranoia que existe lá fora também existe aqui dentro. Eu lembro que tem pichado em alguma parede ‘Ufba mata’, e eu fiquei pensando muito nisso. Existe uma história ali de uma faculdade racista, misógina, homofóbica… Basta você entrar no grupo da Ufba no Facebook, e vai ver que tem de tudo ali, do melhor ao pior. Eu não queria fazer um filme sobre a Ufba especificamente, eu queria fazer um filme sobre a universidades federais. Tem uma outra questão que é como esses personagens agem em relação aos assassinatos, que é com frieza. As pessoas hoje em dia são muito frias e distantes, e não se preocupam com o que acontece. Essa democracia da imagem – que é um tema do filme, já que muitos personagens possuem câmeras, câmeras de celular – também trouxe um certo sentido de entretenimento do compartilhamento. Você filma a tragédia, você a compartilha com a maior facilidade do mundo, e logo ela vai estar nos celulares de várias pessoas. Cada vez mais você vai receber aquilo e vai se acostumando. Tem um diálogo do filme que é ‘Quem morreu dessa vez?’. O próprio título do filme traz esse conformismo: um dia caça e um do caçador. Eu também comecei a pensar sobre o que é cinema de terror, e é basicamente um cinema sobre o medo. Eu consigo enxergar esse medo na universidade, e por que não transformar essa paranoia da segurança em um filme de terror?

.ba – De onde surgiu o interesse pelo gênero do terror? Surgiu junto ao interesse pelo cinema ou foi algo que começou depois?

CL – Minha relação com o cinema vem com a minha vontade de contar histórias. Eu sempre fui mais da literatura do que do cinema, sempre gostei de coisas fantásticas e do universo fantástico. Mas nunca fui atraído pelo terror, e até uns três ou quatro anos eu era extremamente preconceituoso com o gênero do terror. Do alto da minha arrogância pseudo-cinéfila, eu realmente achava que filme de terror era uma coisa menor, o que é um erro fatal. Primeiro, eu descobri que eu estava vendo os filmes de terror errados [risos], e segundo existem vários tipos de cinema de terror. Eu vi os clássicos do gênero – até hoje sou apaixonado por ‘Tubarão’, ‘O Iluminado’ – mas o que me fez me apaixonar de verdade pelo filme de terror foi o cinema de terror brasileiro. Com o Zé do Caixão até umas coisas mais contemporâneas como o Marco Dutra e Kleber Mendonça Filho, comecei a ver que aquilo era um outro tipo de história que eu queria contar: histórias baseadas no realismo fantástico. O cinema de terror tem uma potência que é a questão do medo, uma coisa tao entranhada na nossa sociedade que se você olhar da sua janela, verá janelas com grades e muros com cercas elétricas – isso é a cultura do medo, do pavor. Bauman diz que a gente vive na era do medo líquido, que é o aquela paranoia de que algo vai acontecer, mas não sabe o que, quando, onde ou com quem vai acontecer. Tem um crítico francês, o [Jean-Louis] Comolli, que diz que o terror é aquele cadáver que você quer manter escondido, mas sempre insiste em vir à tona. É a questão da repressão, com o passado vindo à tona – o que Freud diria que é o inquietante. E no Brasil tem muito terreno para o terror. A gente acha que o terror precisa de muito sangue e susto, mas não é nada disso: é o gênero que melhor conversa sobre os sentimentos do ser humano moderno.

“Eu não preciso ir para os Estados Unidos e fazer um filme do Freddy Kruger, não preciso importar monstros de outros lugares. Aqui mesmo nós temos nossos monstros: o monstro do racismo, do machismo, a insegurança geral, a política.”

.ba – No Brasil, há muito o mito de que o cinema de qualidade tem que trazer temáticas sociais para o seu enredo. O gênero do terror está há algum tempo mal visto por parte do público que o considera um tipo de filme “oco” de temática – algo que não condiz com diversos clássicos do gênero, como “Repulsa ao Sexo” e “Bebê de Rosemary”. Você acha que a nova leva de filmes de terror, os ditos “pós-terror”, podem mudar a perspectiva?

CL – O pós-terror é uma coisa engraçada, curiosa. Vem da nomenclatura de um jornalista do The Guardian, que tentou criar uma temática nova, mas ela sempre existiu. Esses filmes que estão fazendo sucesso agora [A Bruxa, Ao Cair da Noite, Corrente do Mal, entre outros], que acho que conversam muito com os filmes que eu faço, vêm de uma temática que já existia antes. Esses filmes do Polanski são filmes de pós-terror, mas que foram feitos na década de 1970. O que está acontecendo hoje é que o cinema no geral está ficando uma coisa mais política, e o terror sempre foi político. Essa pressa por dar rótulos me soa equivocada, mas as pessoas estão descobrindo novos filmes, o que é uma coisa boa.

.ba – Aliás, você acha que o cinema, sendo ele de terror ou não, precisa trazer algo da realidade social para ter seu espaço?

CL – ‘Precisar’ é uma palavra muito forte. Não é algo essencial, mas acho interessantíssimo. Cinema é uma arte estética, está ali para te trazer sensações, mas o cineasta quer ser entendido, quer criar um vínculo com o público. E, para mim, como cineasta brasileiro, esse vínculo só acontece quando há a representatividade – e eu nem falo das pautas sociais. Para o brasileiro, é importante ver seu Brasil nas telas, ver que são suas ruas ali na cena, e não aquele Brasil dos filmes das comédias da Globo Filmes: super clean, super Projac. Nesse sentido, o social se torna muito importante. Eu como brasileiro também me quero ver na tela. É importante para o cinema no geral e do terror representar pessoas reais na tela. Eu não preciso ir para os Estados Unidos e fazer um filme do Freddy Kruger, não preciso importar monstros de outros lugares. Aqui mesmo nós temos nossos monstros: o monstro do racismo, do machismo, a insegurança geral, a política.

.ba – Você acha que o sucesso de filmes como “As Boas Maneiras” e “Mate-Me Por Favor” tem ajudado a mostrar para o público as diversas possibilidades dentro do cinema brasileiro?

CL – Acho, mas também acho que esses filmes acabam não chegando muito ao grande público. Eles têm uma audiência, um nicho de quem acompanha o cinema brasileiro, o cinema de terror ou o trabalho do elenco desses filmes, mas ainda existe uma grande fatia do público brasileiro, incluindo fãs de filmes de terror, que não conhecem o cinema brasileiro de terror. Quando esses filmes conseguem sair do circuito de festivais e entrar em cartaz do cinema e passar lá suas semanas em cartaz, já é uma vitória. Os últimos anos tem sido bons anos para o cinema de terror brasileiro, porque você tem visto filmes do gênero circulando por ai, ganhando prêmios, e aos poucos a cabeça das pessoas está mudando. Você vê a Globo lançando uma série de terror, a ‘Supermax’, vê filmes como ‘O Rastro’, que ganhou uma fatia do público. Aos poucos, o brasileiro vai descobrindo que o cinema nacional nunca foi aquele estigma da favela, do sexo… o cinema brasileiro é muito diverso, mas ainda não foi descoberto pelo próprio brasileiro.

Foto: Reprodução/Facebook
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.ba – Fora da Bahia, e talvez até mesmo aqui dentro, há um conceito muito forte sobre o que a arte baiana deve ser, algo ligado ao mito do “bom baiano”: quais tópicos ela deve cobrir, como deve ser sua abordagem? Você sente que esse modelo artístico impede que o público conheça obras que fujam ao padrão?

CL – Acho que não impede, mas talvez atrapalhe. As pessoas já vêm catequizadas com o que elas tem que esperar de uma obra de arte. ‘Atrapalhar’ tem mais a ver com o que falei antes, da representatividade, quando as pessoas começarem a se ver na tela. Mas, sobre esse preconceito, nem chega a atrapalhar. Tem gente que nem sabe que cinema é feito aqui na Bahia, nem o que é curta-metragem. Não se trata só de erradicar essa imagem que as pessoas têm do baiano, mas que elas saibam que existem baianos que fazem artes variadas das formas mais inusitadas.

.ba – Você acha que estar distante do polo Rio-São Paulo tem dificultado? Ou ser um cineasta independente é igualmente difícil em todo lugar?

CL – Eu não tenho dificuldade, consigo fazer as coisas que eu quero aqui. Mas, talvez lá, você consiga um crescimento maior profissional, porque há um mercado que não existe aqui. Por outro lado, a concorrência lá é muito maior. Aqui, você consegue ganhar espaço. Tem prós e contras. Lá existem profissionais e existe demanda, mas é muito mais disputado. Aqui ainda está se formando uma cena, no Nordeste em geral.

.ba – Por falar em ser um cineasta independente, você acha que os festivais ainda são a plataforma mais viável para lançar seu trabalho? As facilidades para se assistir filmes em casa, como o streaming, têm incentivado o público a conhecer novas coisas?

CL – Eu sou um cineasta, por enquanto, de curta-metragem, e para curta não tem jeito: por enquanto é festival. Seu trabalho circula em um cinema – que é o que todo cineasta gosta –, e tem um público mais focado para quem não faz um filme de linguagem populista. Não sei se meus filmes fariam tanto barulho na internet, e nem sei se seria o público certo. Infelizmente, você não ganha. Aqui ainda tem uma lei que obriga que se exiba curtas antes dos longas no cinema, mas essa lei nunca foi cumprida. É uma ‘maracutaia’. Mas sim, essa facilidade do streaming tem incentivado o público a conhecer novas coisas. Muitos cineastas reclamam da Netflix, mas eu vejo não só como uma democracia do cinema – porque os ingressos estão caros –, mas como uma maneira de se conhecer o cinema. Muita gente que assina a Netflix tem acesso a um catálogo que, mesmo não sendo dos melhores, tem boas pérolas para serem garimpadas.

“O cinema sempre foi uma indústria agressiva, machista, misógina, mas está se combatendo isso. […] É importante que se debata não só a fofoca, mas o porquê de aquilo ter existido.”

.ba – Nas últimas semanas, Hollywood tem enfrentado um purgatório enorme com as acusações de assédio contra Harvey Weinstein e Kevin Spacey. Várias pessoas têm dito que é necessário separar a vida do artista de sua obra. Você acha que é possível fazer essa separação?

CL – Essa talvez seja a pergunta mais subjetiva da atualidade. Vai de cada pessoa. Tem gente não vai conseguir separar de maneira nenhuma. Outras também não vão conseguir separar, mas por serem apegadas aos filmes, vão continuar assistindo com a consciência pesada. Também tem quem vá continuar assistindo. O que não pode faltar é um olhar crítico. Todas essas posições vêm em um bom momento em que está se discutindo isso, e é bom para que exista uma transparência na indústria. O cinema sempre foi uma indústria agressiva, machista, misógina, mas está se combatendo isso. E gera reflexão, gera pensamento crítico. As pessoas recebem os fatos, fazem suas sínteses e decidem o que querem, se concordam ou discordam. É importante que se debata não só a fofoca, mas o porquê de aquilo ter existido.

.ba – Nas coisas que você escreve, você cita inúmeras de suas referências cinematográficas. Ao fazer seus filmes, como é o processo de converter as referências em uma realidade brasileira? O quanto da inspiração é consciente?

CL – Quando eu era mais novo, eu tinha uma preocupação em colocar referências. É engraçada essa síndrome do Tarantino, de achar legal colocar mil referências. Hoje eu não sou mais assim, não copio cenas, falas ou personagens. Meu processo consiste mais em decidir o estilo de filme que quero fazer, e passar meses assistindo outros que seguem esse estilo. Assim, pego ideias de planos, de como filmar certas sequências. Vejo como o John Carpenter, o William Friedkin, ou Dario Argento filmam a ação e deixo aquilo entrar de forma orgânica no que eu estou construindo. Eu não peguei algo do filme do Wes Craven, mas a atmosfera do filme do Wes Craven me interessa. Deixo minha cabeça ‘embebecida’ naquilo ali e o resto vem naturalmente.

.ba – Cite três filmes que passaram pelos cinemas este ano e que você acha que não receberam a devida atenção do público.

CL – Vou citar um brasileiro, o ‘Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois’, do Petrus Cariry, que é um filme nordestino que tem muito da linguagem do horror, além de uma relação de pai e filha, uma família despedaçada e reprimida. Foi bom de ver no cinema e poucas pessoas comentaram sobre o o filme, o que acho um pouco triste. Tem o ‘Ao Cair da Noite’, um terror americano que entrou na Netflix recentemente. Acho que é o filme que melhor transmite o que é o medo líquido, e o filme constrói esse horror com os personagens de uma maneira muito inteligente. Acho que foi mal-entendido por parte do público. E o terceiro é ‘Bingo: O Rei das Manhãs’, filme do Daniel Rezende. É a história real do palhaço Bozo, e traz uma direção magistral, uma direção de arte belíssima e um elenco muito bom. Há um ‘quê’ de anos 80, uma estrutura clássica de filmes de Martin Scorsese e Paul Thomas Anderson que eu gosto pra caramba. É um filme para quem é cinéfilo.

.ba – E três que estarão no Panorama e não dá para perder.

CL – ‘As Boas Maneiras’, claro. Os diretores, o Marco Dutra e a Juliana Rojas, são dois dos meus cineastas brasileiros favoritos. É um filme de terror que traz um lobisomem urbano, e o liga à maternidade, instinto e preconceito. ‘Um animal cordial’, um filme da Gabriela Amaral Almeida, que se formou na Facom-Ufba, e é um thriller com toques de slasher. Tem um elenco ótimo e uma trajetória interessante nos festivais mundo afora, estou muito curioso para ver. E o terceiro é o ‘No intenso agora’, do João Moreira Salles, que é um dos grandes documentaristas do cinema brasileiro, um discípulo do maior documentarista nacional que é o Eduardo Coutinho. É um filme que parece pessoal, mas fala também sobre o todo, que parte de si para falar do ‘nós’.

O festival Panorama Internacional Coisa de Cinema começa nesta quarta-feira (8), mas o filme “Um Dia é Da Vida, o Outro é Da Morte” será exibido na próxima terça-feira (14) e quarta-feira (15). Mais informações podem ser achadas na página do evento.

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