Publicado em 13/12/2016 às 11h21.

Código digital: projeto revive lendária revista de poesia da Bahia

Publicada entre 1974 e 1990, em Salvador, a revista "Código", que agitou a arte de vanguarda do Brasil, ressurge agora em formato digital

James Martins
Foto: Montagem bahia.ba
Foto: Montagem bahia.ba

 

A revista “Código”, editada em Salvador entre 1974 e 1990, pelos poetas Erthos Albino de Souza e (vez ou outra) Antonio Risério, está agora ao alcance de todos, graças aos trabalho de digitalização desenvolvido por Ariane Stolfi, Bruno Schiavo, Daniel Scandurra, Gabriel Kerhart e João Reynaldo Paiva, com apoio do Rumos Itaú, no projeto “Código Revista“. O novo formato foi lançado na última terça-feira (6), em São Paulo, com as presenças do próprio Risério e também de Augusto de Campos, um dos mais importantes colaboradores da publicação, além da artista visual Regina Silveira.

“A gente tem que observar que, além de recolocar as revistas em circulação, a digitalização amplia e muito o alcance. Essas publicações costumavam circular entre grupos determinados, com tiragens pequenas e tal. Agora, qualquer um em qualquer lugar pode curtir a ‘Código'”, observa o engenheiro Guilherme Piropo, que já começou a navegar. Os 12 números da revista, que reuniu colaborações de nomes como Décio Pignatari, Paulo Leminski, Waly Salomão, José Lino Grünewald etc., estão disponíveis no site.

Mas não é só isso: a partir de recursos específicos da plataforma digital, o usuário pode interagir com a publicação de formas diversas: combinando páginas de números distintos, dando zoom, girando, entre outras funções. É possível ainda converter as imagens em texto para copiar.

Cronograma da pesquisa feita para a digitalização.
Cronograma da pesquisa feita para a digitalização | Clique na imagem para ampliá-la

 

“Código” faz parte de um ecossistema literário composto por outras revistas de natureza semelhante, como “Navilouca”, “Pólem”, “Artéria”, “Muda” e “Poesia em Greve”, que ajudaram a oxigenar o ambiente experimental brasileiro. Em 2013, durante as pesquisas desenvolvidas para o projeto de digitalização, Augusto de Campos definiu assim a sua importância:

“Durante cerca de 15 anos, de 1974 a 1990, a revista Código foi a porta-voz das poéticas experimentais brasileiras mais avançadas. Publicação alternativa, acolheu materiais de vanguarda que não encontrariam guarida nas publicações convencionais, com originalidade e versatilidade gráficas incomuns. Foi importantíssima não só para a evolução da poesia concreta e visual, como para o despontar de várias novas gerações de poetas, artistas e músicos interessados na produção de novas linguagens. E incentivou, com o seu exemplo, o aparecimento de várias outras publicações que tiveram presença significativa no desenvolvimento da literatura de invenção no Brasil”.

Por falar em publicação independente, é importante ressaltar que a revista era inteiramente financiada por Erthos Albino de Souza, mineiro-baiano que é um pioneiro da arte digital no mundo. “Queremos lançar também em Salvador, tem muito a ver não é? Onde tudo começou”, diz Daniel Scandurra, em entrevista ao bahia.ba. E completa: “Tomara que dê certo! Risério ficou muito empolgado também, com a possibilidade”. Neste momento de pouca ousadia no ambiente artístico baiano, esta “Código Revista” talvez incentive uma revisão prospectiva de nós mesmos.

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