Publicado em 05/08/2016 às 09h38.

Começa o jogo em Salvador. É ACM Neto contra Rui Costa

A julgar pelos humores dos aliados de ACM Neto, a campanha 2016 em Salvador começa assim, com os coligados de Rui Costa carecendo de uma reflexão

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Nenhum homem escolhe o mal por ser o mal; mas apenas por confundi-lo com felicidade”

 Mary Wollstonecraft, escritora inglesa (1759-1797)

(Foto: Raul Golinelli GOVBA).
(Foto: Raul Golinelli GOVBA).

 

Rui Barbosa já dizia:

– Quando você vir o adversário lhe elogiando, pare e reflita, porque alguma bobagem você está fazendo.

A julgar pelos humores dos aliados de ACM Neto, a campanha 2016 em Salvador começa assim, com os coligados de Rui Costa carecendo de uma reflexão.

O que se diz:

1 – A chapa governista principal, por ter o PT, com Alice Portugal (PCdoB) e Maria Del Carmem, errou ao ser definida com duas branconas numa cidade de ampla maioria negra, cujos seguimentos organizados sempre trilharam a esquerda. Sem falar que Alice não despontou naturalmente. Impôs-se como candidata, o que também teria afugentado outros segmentos.

2 – Sargento Isidório (PDT), carimbado como homofóbico, espanta os seguimentos LGBT, teria espaço restrito.

3 – Claudio Silva, do PP, é pouco conhecido.

Em suma, Neto diz que não se escolhe adversário, mas nada tem a se queixar dos escolhidos justamente pelos que querem atingi-lo.

Seja como for, é certo que Neto vai apanhar. Mesmo o PSOL, para onde, segundo os netistas, vão migrar muitos votos historicamente petistas, vai bater.

Aliás, já começaram a bater. Dizer que Neto foi “o artífice do golpe” para ser um argumento frouxo. Mas na convenção de Cláudio Silva, Rui Costa disparou:

– Ninguém me convence de que gastar R$ 70 milhões num calçadão (referindo-se à Barra) é coisa de bom gestor.

E o próprio Cláudio completou, ao elogiar obras estaduais em Salvador, como o metrô:

– Temos aqui o maior prefeito de Salvador de todos os tempos, o governador Rui Costa!

Esse é o jogo: o time de Rui jogando tudo, para salvar o pedaço historicamente da esquerda na capital, com os atores possíveis.

(Foto: Roberto Viana/Ag. Haack/bahia.ba).
(Foto: Roberto Viana/Ag. Haack/bahia.ba).

 

Bruno Reis

A escolha de Bruno Reis como vice de Neto não surpreendeu. Pela mera constatação de que obedeceu a uma lógica elementar: ele é do PMDB e para lá foi com anuência do próprio Neto, o que significa por si mais tempo de televisão, por se tratar do segundo maior partido (em número de deputados federais, só superado pelo PT).

Ademais, é o partido de Geddel, agora turbinado com Michel Temer na Presidência da República (nem os petistas acreditam numa reversão do impeachment).

Aliás, Geddel festejou:

— Foi uma escolha acertada. É um jovem qualificado, já testado, e isso consolida uma aliança do PMDB com o DEM na Bahia, para agora e para o futuro.

Esperneio

Mas o desfecho, embora esperado, não foi tão tranquilo assim.

O PRB da deputada Tia Eron, que queria a vice para João Roma, amigo de Neto, não gostou.

Chegou a conversar com partidos aliados de Rui Costa. Depois recuou.

(Foto: Divulgação).
(Foto: Divulgação).

 

Vice indócil

Quem também não gostou foi a vice-prefeita Célia Sacramento.

Ela andou falando a amigos que Neto chegou a dizer-lhe que seria ela.

A volta de João

O ex-prefeito João Henrique foi a sensação da convenção que homologou a candidatura de Cláudio Silva a prefeito de Salvador ontem, no Bahia Café Hall. Chegou com uma camisa de Che Guevara e bateu forte. Criticou IPTU, a pancadaria contra ambulantes, as multas:

— Vejo coisas que, se fosse no meu governo, eu já estaria crucificado! Mas a imprensa está abafada, dominada.

Bateu nas multas e rasgou uma. Depois mandou um assessor juntar os pedaços.

Do jeito que falou, parece que ele é a esperança do futuro.

Voto livre

Cristão novo no Senado, Roberto Muniz (PP), o substituto de Walter Pinheiro, diz que ainda não tem a menor ideia de como vai votar no impeachment de Dilma:

— Vou estudar o assunto com bastante calma para então tomar uma decisão.

A única coisa que ele sabe é que não atenderá aos pedidos de nenhum dos lados.

— Não me pedem porque sabem que eu não vou gostar. Meu voto é de consciência.

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

 

Vexame moral

O empate do Brasil com a África do Sul, ontem, na estreia da Olimpíada, suscitou rebu nas redes sociais.

Quantos vexames o Brasil ainda vai passar para entender que o problema da seleção não está em campo, é fora? O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não pode sair do Brasil porque será preso. Como isso vai dar certo?

Conclusão: o vexame moral está influenciando em campo.

Em Ilhéus

Jabes Ribeiro (PP), prefeito de Ilhéus, desistiu de disputar a reeleição por problemas de saúde e produziu um fenômeno: todo mundo achando que pode ganhar e uma tempestade de oito candidatos desabou sobre a cidade.

A lista: Mário Alexandre (PSD), Carmelita Souza (PT), Cloves Araújo (PDT), Augusto Júnior (PPS), Jorge Luiz (PSOL), Bebeto Galvão (PSB), Azimário Vieira, o Gurita (PSC), e Cacá dos Colchões (PP). Fala Jabes:

— Se eu fosse, todos se uniriam contra mim. Mas fiquei fora, deu nisso.

Cacá (o de Jabes) e Bebeto devem polarizar.

Baleias à vista

Prado, no extremo sul, um dos grandes destinos turísticos da Bahia, pongou nas baleias-jubarte, que nesta época ano fazem das cercanias do arquipélago de Abrolhos a sua maternidade. Realiza até domingo o 3º Festival das Baleias e espera levar para lá 30 mil pessoas.

A rede hoteleira lá tem sete mil leitos.

Suspiro hoteleiro

E por falar em rede hoteleira, a de Salvador deu um suspiro em julho, com uma taxa média de ocupação de 50,82% e diária média de R$ 228,90.

Glicério Lemos, presidente da ABIH-Ba, atribui o suspiro às férias escolares no sul do país. Agora, a crise volta ao “normal”.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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