Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.
Começa o jogo em Salvador. É ACM Neto contra Rui Costa
A julgar pelos humores dos aliados de ACM Neto, a campanha 2016 em Salvador começa assim, com os coligados de Rui Costa carecendo de uma reflexão
Frase da vez
“Nenhum homem escolhe o mal por ser o mal; mas apenas por confundi-lo com felicidade”
Mary Wollstonecraft, escritora inglesa (1759-1797)
Rui Barbosa já dizia:
– Quando você vir o adversário lhe elogiando, pare e reflita, porque alguma bobagem você está fazendo.
A julgar pelos humores dos aliados de ACM Neto, a campanha 2016 em Salvador começa assim, com os coligados de Rui Costa carecendo de uma reflexão.
O que se diz:
1 – A chapa governista principal, por ter o PT, com Alice Portugal (PCdoB) e Maria Del Carmem, errou ao ser definida com duas branconas numa cidade de ampla maioria negra, cujos seguimentos organizados sempre trilharam a esquerda. Sem falar que Alice não despontou naturalmente. Impôs-se como candidata, o que também teria afugentado outros segmentos.
2 – Sargento Isidório (PDT), carimbado como homofóbico, espanta os seguimentos LGBT, teria espaço restrito.
3 – Claudio Silva, do PP, é pouco conhecido.
Em suma, Neto diz que não se escolhe adversário, mas nada tem a se queixar dos escolhidos justamente pelos que querem atingi-lo.
Seja como for, é certo que Neto vai apanhar. Mesmo o PSOL, para onde, segundo os netistas, vão migrar muitos votos historicamente petistas, vai bater.
Aliás, já começaram a bater. Dizer que Neto foi “o artífice do golpe” para ser um argumento frouxo. Mas na convenção de Cláudio Silva, Rui Costa disparou:
– Ninguém me convence de que gastar R$ 70 milhões num calçadão (referindo-se à Barra) é coisa de bom gestor.
E o próprio Cláudio completou, ao elogiar obras estaduais em Salvador, como o metrô:
– Temos aqui o maior prefeito de Salvador de todos os tempos, o governador Rui Costa!
Esse é o jogo: o time de Rui jogando tudo, para salvar o pedaço historicamente da esquerda na capital, com os atores possíveis.
Bruno Reis
A escolha de Bruno Reis como vice de Neto não surpreendeu. Pela mera constatação de que obedeceu a uma lógica elementar: ele é do PMDB e para lá foi com anuência do próprio Neto, o que significa por si mais tempo de televisão, por se tratar do segundo maior partido (em número de deputados federais, só superado pelo PT).
Ademais, é o partido de Geddel, agora turbinado com Michel Temer na Presidência da República (nem os petistas acreditam numa reversão do impeachment).
Aliás, Geddel festejou:
— Foi uma escolha acertada. É um jovem qualificado, já testado, e isso consolida uma aliança do PMDB com o DEM na Bahia, para agora e para o futuro.
Esperneio
Mas o desfecho, embora esperado, não foi tão tranquilo assim.
O PRB da deputada Tia Eron, que queria a vice para João Roma, amigo de Neto, não gostou.
Chegou a conversar com partidos aliados de Rui Costa. Depois recuou.
Vice indócil
Quem também não gostou foi a vice-prefeita Célia Sacramento.
Ela andou falando a amigos que Neto chegou a dizer-lhe que seria ela.
A volta de João
O ex-prefeito João Henrique foi a sensação da convenção que homologou a candidatura de Cláudio Silva a prefeito de Salvador ontem, no Bahia Café Hall. Chegou com uma camisa de Che Guevara e bateu forte. Criticou IPTU, a pancadaria contra ambulantes, as multas:
— Vejo coisas que, se fosse no meu governo, eu já estaria crucificado! Mas a imprensa está abafada, dominada.
Bateu nas multas e rasgou uma. Depois mandou um assessor juntar os pedaços.
Do jeito que falou, parece que ele é a esperança do futuro.
Voto livre
Cristão novo no Senado, Roberto Muniz (PP), o substituto de Walter Pinheiro, diz que ainda não tem a menor ideia de como vai votar no impeachment de Dilma:
— Vou estudar o assunto com bastante calma para então tomar uma decisão.
A única coisa que ele sabe é que não atenderá aos pedidos de nenhum dos lados.
— Não me pedem porque sabem que eu não vou gostar. Meu voto é de consciência.
Vexame moral
O empate do Brasil com a África do Sul, ontem, na estreia da Olimpíada, suscitou rebu nas redes sociais.
Quantos vexames o Brasil ainda vai passar para entender que o problema da seleção não está em campo, é fora? O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não pode sair do Brasil porque será preso. Como isso vai dar certo?
Conclusão: o vexame moral está influenciando em campo.
Em Ilhéus
Jabes Ribeiro (PP), prefeito de Ilhéus, desistiu de disputar a reeleição por problemas de saúde e produziu um fenômeno: todo mundo achando que pode ganhar e uma tempestade de oito candidatos desabou sobre a cidade.
A lista: Mário Alexandre (PSD), Carmelita Souza (PT), Cloves Araújo (PDT), Augusto Júnior (PPS), Jorge Luiz (PSOL), Bebeto Galvão (PSB), Azimário Vieira, o Gurita (PSC), e Cacá dos Colchões (PP). Fala Jabes:
— Se eu fosse, todos se uniriam contra mim. Mas fiquei fora, deu nisso.
Cacá (o de Jabes) e Bebeto devem polarizar.
Baleias à vista
Prado, no extremo sul, um dos grandes destinos turísticos da Bahia, pongou nas baleias-jubarte, que nesta época ano fazem das cercanias do arquipélago de Abrolhos a sua maternidade. Realiza até domingo o 3º Festival das Baleias e espera levar para lá 30 mil pessoas.
A rede hoteleira lá tem sete mil leitos.
Suspiro hoteleiro
E por falar em rede hoteleira, a de Salvador deu um suspiro em julho, com uma taxa média de ocupação de 50,82% e diária média de R$ 228,90.
Glicério Lemos, presidente da ABIH-Ba, atribui o suspiro às férias escolares no sul do país. Agora, a crise volta ao “normal”.
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