Publicado em 20/09/2016 às 09h09.

Como sempre, a oposição leva vantagem nos grandes municípios

O ano de 2016 sinaliza o DEM de ACM Neto bem em Salvador, com o próprio, e em Feira, com Zé Ronaldo

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“E aí… vai ser uma decisão unânime ou tem voto vencido?”

Sérgio Muller, jurista gaúcho, famoso pelo liberalismo (1940-2011)

Prefeito ACM Neto sai na frente nas pesquisas eleitorais em Salvador (Foto: Max Haack/Ag. Haack).
Prefeito ACM Neto sai na frente nas pesquisas eleitorais em Salvador (Foto: Max Haack/Ag. Haack).

 

Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, os três maiores municípios baianos e também os únicos que têm dois turnos nas eleições municipais, ostentam algo de emblemático na política baiana: a vocação oposicionista.

Na época da ditadura, os três estavam aí a desafiar o regime. Como Salvador era área de segurança e tinha o prefeito nomeado, Feira e Conquista formavam o quartel general oposicionista. Mas quando a capital foi liberada, elegeu Mário Kertész, sob as bênçãos da oposição.

Na era petista, que surfou nos três dos seus tempos de oposição, o estigma permaneceu. O PT nunca governou Salvador e Feira, mas manda em Conquista há 20 anos.

Detalhe: nas disputas para a presidência e o governo, o PT sempre ganhou em Salvador e Feira, embora perdesse os embates municipais. Em Conquista, foi o inverso: tinha a prefeitura, mas perdeu presidência e governo.

O ano de 2016 sinaliza o DEM de ACM Neto bem em Salvador, com o próprio, e em Feira, com Zé Ronaldo. O PT, pelo contrário, tem boas chances em Conquista, com o deputado Zé Raimundo.

Seria sinal de que em 2018 a oposição a Rui Costa vislumbraria a vitória? A senadora Lídice da Mata (PSB) acha que não é bem assim:

— Na Bahia, a mudança sempre chega com atraso.

Pouco de novo

A terceira rodada da pesquisa Ibope/TV Bahia, ontem divulgada, está melhor para ACM Neto do que o próprio esperava.

Ele até calculou cair um pouco. Não caiu. E Alice Portugal (PCdoB), a principal adversária, subiu dois pontinhos, ainda longe dos 30% tradicionais que a esquerda sempre teve em Salvador e com 57 pontos atrás de Neto, mas com tendência de subir um pouco.

Mesmo que os governistas não tenham confiança no Ibope, como dizem, a diferença é muito disparatada. Isso, a 11 dias da eleição, indica que a possibilidade de mudanças substanciais é pequena.

Ou seja, a rigor, não há disputa.

Em Lauro de Freitas

ACM Neto parece ter tomado gosto pela disputa em Lauro de Freitas, onde a deputada Moema Gramacho (PT) é tida como favorita absoluta.

Vai lá quinta dar uma mão a Mateus Reis (PSDB), embalado por pesquisas internas que mostram ele reagindo bem.

Em Feira

O deputado Zé Neto (PT), candidato em Feira, diz que não está dividindo a agenda com outros municípios, como dissemos, papel que os seus auxiliares no mandato cumprem, mas ressalva que a campanha para ele começou de fato na semana passada, quando levou Jaques Wagner lá e fez uma carreata pelo centro da cidade.

Ele também duvida do Ibope, que deu 70% para o prefeito Zé Ronaldo, contra 14% dele:

— Algumas contas não fecham. Nas minhas, o segundo turno é possível.

Lá e cá

Filiado ao PSB, tido e havido como da base do governo, o deputado federal Bebeto Galvão, candidato a prefeito de Ilhéus, definitivamente botou um pé fora.

ACM Neto gravou um vídeo de um minuto no qual diz que, após analisar o cenário ilheense, constatou que o melhor é Bebeto.

Diz-se até que Neto vai lá.

Otto e o Velho Chico

Convidado pela Globo para ir a São Paulo explicar o seu projeto de Revitalização do São Francisco e os principais problemas do Velho Chico, antes da novela começar, o senador Otto Alencar (PSD) diz que a novela foi positiva na medida em que mostrou um pouco dos estragos que a erosão causa no rio.

— Mas o que mais nos comoveu foi a morte trágica do ator Domingos Montagner. Espero que ele encontre uma tribo de anjos para salvá-lo na esfera dos céus.

Curto e complicado

A campanha do dinheiro curto ganhou um problema adicional no campo financeiro: a greve dos bancos. Os que prestam serviços aos candidatos recebem com cheques eleitorais (pelo caixa um, óbvio), já que os bancos abriram as contas, mas não deram cartão.

Resultado: quem recebe, não leva.

A disputa da Funasa

O deputado Cláudio Cajado ganhou a queda de braço que vinha travando com o colega do DEM, José Carlos Aleluia, sobre a indicação para o comando da Funasa na Bahia.

Cajado queria a mulher dele, Andrea Xavier, e Aleluia, o ex-deputado Heraldo Rocha.

Mesmo antes do impeachment, as direções de todo o Brasil foram nomeadas, menos a da Bahia. Andrea tomou posse ontem.

Heraldo no DNOCS?

Para Heraldo Rocha tinha sido oferecido o comando baiano do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS). Mas ontem o próprio Heraldo dizia não ter informações:

— Não estou sabendo de nada.

Firme na luta

Marcos Pinto (PDT), candidato a prefeito de Teolândia, no baixo sul, que noticiamos aqui como desistente, afirma que continua no páreo firme e forte.

Ele enfrenta o prefeito Lázaro Oliveira (PMDB), que é bem avaliado, e diz que vai ganhar.

Quase na ponta

Aliás, conforme a última contabilização do TSE, a Bahia tem já oficializados 1.246 candidatos a prefeitos (todos dizendo que vão ganhar), além de 34.265 candidatos a vereador.

O número é dos maiores do país. Só perde para Minas (2.447), São Paulo (2.209) e Rio Grande do Sul (1257).

Homenagem a Milton

O professor Milton Guimarães Bezerra Filho, presidente do Centro de Estudos Culturais Linguísticos Surdos e fundador do Centro de Surdos da Bahia, vai receber amanhã (9h) a Medalha Thomé de Souza da Câmara de Salvador, marcando a passagem do Dia Nacional da Luta da Pessoa Com Deficiência e Dia Municipal do Orgulho das Pessoas Com Deficiência.

A iniciativa é do vereador Leo Prates (DEM).

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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