Publicado em 18/01/2019 às 19h00.

Haddad diz que é preciso cuidar da ‘comunicação’ após ida de Gleisi a Caracas

Petista também faz autocrítica: "O sucesso eleitoral do PT enfraqueceu o próprio partido em sua conexão com as bases"

Redação
Foto: Mauro Pimentel/ AFP
Foto: Mauro Pimentel/ AFP

 

O ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou, em entrevista ao El País, publicada nesta sexta-feira (18), que desconhece os motivos que levaram a presidente do partido,  Gleisi Hoffmann à posse de Nicolás Maduro, em Caracas, na Venezuela.

Questionado se ele teria ido à posse do presidente venezuelano, ele respondeu: “Não participei da discussão, não sei os argumentos e o que levou a Gleisi Hoffmann a ir para Caracas. Existe uma questão que considero importante, que é da mensagem que você passa ao tomar qualquer decisão. É preciso cuidar não só do gesto que você considera mais adequado, mas da comunicação desse gesto para a opinião pública mundial”, disse o professor.

Ele descartou que a ida de Gleisi pode ser entendida como uma chancela do PT ao governo Maduro. “O PT nasceu do questionamento de ditaduras de esquerda. (…) O que eu disse na campanha e eu repeti é que o ambiente na Venezuela não é democrático. As forças políticas venezuelanas hoje não respeitam o resultado de qualquer consulta que você faça. Veja quantas consultas foram feitas nos últimos três anos ao povo venezuelano, nenhum resultado foi considerado legítimo”, afirmou Haddad.

Haddad também fez uma crítica ao partido, que teria se afastado das próprias bases durante os anos que permaneceu no poder e deixado de dialogar com a base da igreja evangélica. “O sucesso eleitoral do PT enfraqueceu o próprio partido em sua conexão com as bases. O outro fenômeno é a crise política, ética, e econômica que aconteceu. E a outra questão é que há novos atores no Brasil. Por exemplo, as igrejas evangélicas tinham um tamanho quando ganhamos em 2002, e têm outro tamanho agora. E nós não aprendemos a dialogar com a base dessa igreja, muito menos com os líderes, que são em geral bastante conservadores”, declarou.

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