Publicado em 21/03/2016 às 23h19.

Indiciados, Negromontes dizem não haver prova material contra eles

Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, Mário Negromonte diz que denúncia é "baseada em delação de criminosos"

Evilasio Junior
Foto: Carol Garcia/GOVBA
Foto: Carol Garcia/GOVBA

 

Os advogados do conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, Mário Negromonte, e do seu filho, o deputado federal Mário Negromonte Júnior (PP-BA), vão se debruçar nesta terça-feira (22) sobre o relatório da Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, que pede o indiciamento de pai e filho por corrupção passiva qualificada, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os inquéritos foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República poderá oferecer denúncia contra os suspeitos.

Em contato com o bahia.ba, o titular do TCM-BA disse depositar esperança em um despacho do próprio ministro Teori Zavascki, responsável pelo andamento da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, de que denúncias sem provas materiais não devem ser acatadas. “Vamos esperar o Ministério Público se manifestar. A denúncia é baseada em delação de criminosos que tentam se livrar da culpa e acusam os outros sem provas materiais. Essas empresas fizeram doações a vários partidos, mas só há suspeita em relação aos partidos ligados ao PT. Tudo foi declarado ao TSE. Foram entregues todos os extratos. Se é lavagem, onde é que está o dinheiro? Onde estão os depósitos? Não tem nenhum depósito em minha conta, a não ser do meu salário de deputado e, agora, de conselheiro”, argumentou Negromonte.

O ex-ministro das Cidades é acusado de receber propinas de contratos da Petrobras com as empresas Braskem/Odebrecht, Queiroz Galvão, Jaraguá Equipamentos, Mendes Junior e Andrade Gutierrez, entre 2006 e 2014, época em que era também presidente estadual e vice nacional do PP. Segundo a PF, o esquema de doações ilegais de campanhas movimentou cerca de R$ 500 milhões no período e era operado pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da fraude, que segue preso há um ano na carceragem da corporação em Curitiba. “Como estamos em um momento no país em que prevalecem as acusações e as denúncias, vai chegar o tempo das provas de inocência. Eu estou muito tranquilo porque não tem uma prova material, um telefonema, contas no exterior, nada disso. Não vão encontrar nada contra mim. No caso de Marinho [como chama o filho parlamentar], deve ser porque ele é filho do ex-ministro”, apontou o conselheiro.

Também acusado de ameaçar o ex-colega de Câmara Luís Argolo – que tal qual Youssef está detido no Paraná – para obstruir a apuração da PF, Negromonte Júnior afirmou, em nota enviada à reportagem, que “a conclusão das investigações […] não consubstancia juízo de culpabilidade”. “Reitero que jamais pratiquei atos ilícitos, antes ou durante o exercício do mandato de Deputado Federal, de modo que confio que a Procuradoria-Geral da República fará uma leitura diferente daquela levada a cabo pela Autoridade Policial, o que decerto acarretará o requerimento de arquivamento do inquérito, na medida em que não há indícios suficientes ao oferecimento de denúncia e, por conseguinte, justa causa para a instauração de uma ação penal”, diz o comunicado.

O terceiro baiano indiciado pela Polícia Federal nesta segunda (21) é o deputado federal Roberto Britto, integrante titular da comissão que avalia o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Ele não foi localizado nem encaminhou sua defesa ao site.

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