Publicado em 18/11/2016 às 10h00.

‘Lei está nas mãos de quem será punido’, alerta procurador da Lava Jato

Deltan Dallagnol questionou os reais interesses do presidente do Senado, Renan Claheiros, em apurar os supersalários no judiciário e Ministério Público

Luís Filipe Veloso
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

 

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, afirmou nesta quinta-feira (17) que “a lei está na mão das pessoas que serão punidas (pela operação)”, em referência a parlamentares. Ele disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, esperar que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tenha o mesmo entusiasmo que tem para questionar salários do Judiciário para buscar medidas de combate à corrupção.

Para o procurador, a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, do PMDB, “é mais um sinal de que a Lava Jato é apartidária”. “Todos que integram o time da Lava Jato não têm qualquer vinculação político-partidária nessa história”.

Sobre as medidas de Renan que são vistas como ofensiva contra o Judiciário, como a criação de uma comissão que vai realizar um pente-fino nos salários acima do teto constitucional, o procurador disse que o Ministério Público Federal (MPF) apoia a medida, mas pediu o mesmo “entusiasmo” de Renan para outras medidas, como a reforma política.

“O que nos causa estranheza é que as prioridades agora estejam sendo pautadas com uma mira no Judiciário e no Ministério Público, o que nos faz indagar: quais são as intenções e os propósitos reais desses projetos de lei e dessas comissões que estão sendo endossadas pelo presidente do Senado? O que esperamos é que, com o mesmo entusiasmo que ele (Renan) está buscando essas iniciativas (de analisar os supersalários) sejam também buscadas iniciativas de combate à corrupção, de reforma do sistema político, que incentiva hoje a corrupção, e iniciativas para que possamos ter salários inferiores ao limite do Supremo Tribunal Federal”, afirmou Dallagnol.

Ele lembrou que a Procuradoria da República no Distrito Federal já moveu ações questionando irregularidades em vencimentos de servidores do Senado e afirmou que, no seu caso, seu contracheque não ultrapassa o teto.

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