Neto se diz honrado em ser cotado vice de Doria: ‘Quem não ficaria?’
Prefeito ainda alfinetou Rui Costa, ao comentar a reforma da Previdência, defendeu a terceirização e plebiscito da reforma política e negou insatisfação da sua base
Defendido pelo Movimento Brasil Livre (MBL) para compor uma eventual chapa presidencial liderada pelo atual gestor de São Paulo João Doria (PSDB), na condição de vice, o prefeito ACM Neto se disse “honrado” com a lembrança do seu nome. Questionado pelo bahia.ba sobre o seu sentimento diante da especulação, o democrata sentenciou: “Quem não ficaria? Agora, daí você imaginar que isso vai acontecer, aí são outros 500”.
No entanto, o alcaide soteropolitano voltou a pregar o discurso da cautela. “Eu tenho muita clareza do meu papel do que devo fazer esse ano, do meu foco, tenho sido muito cauteloso em fazer projeções futuras. Toda hora vocês [imprensa] me perguntam se eu vou ser candidato a governador. Alguma hora vocês já me ouviram dizer que vou? Não. Muito menos tratar nesse momento de um projeto nacional. Então eu tenho que ter muito pé no chão para fazer meu trabalho e as coisas são consequência do trabalho. E entregar na mão de Deus o futuro, que é o que eu sempre fiz”, disse, nesta quinta-feira (23), durante lançamento do edital do Selo Literário João Ubaldo Ribeiro – Ano II, no Teatro Gregório de Mattos.
Reforma política – De volta de Brasília, onde cumpriu agendas administrativas e participou da posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o prefeito afirmou que se atualizou “da pauta política”. Disse ser “prematuro” prever quais serão as mudanças eleitorais para o pleito do próximo ano e que acredita em um “desenho final” apenas perto da abertura das urnas. Para ele, o ponto mais urgente é o financiamento de campanhas.
“Para mim uma coisa é fato: o Congresso precisa, de qualquer jeito, discutir o financiamento de campanha. Eu levei a minha opinião. Eu acho que essa discussão não pode ficar apenas nas paredes do Poder Legislativo. É preciso envolver a sociedade. É preciso estabelecer uma forma de ouvir a opinião da população e falar com clareza. Mostrar que é preciso ter um sistema de financiamento das campanhas, que hoje não se tem, não é suficiente para uma eleição geral, como vai acontecer no próximo ano. Agora, que não deve ser fruto de uma escolha apenas dos congressistas. Precisa passar por uma legitimação com a sociedade”, opinou, ao defender até mesmo um plebiscito popular “para, por exemplo, perguntar se a população quer sistema de financiamento público ou privado”.
Sobre a possibilidade de lista fechada de candidatos, Neto disse que pretende “ver o debate avançar um pouco mais”. Enquanto parlamentar, ele votou contra o sistema, mas não descartou apoiar, “a depender da formatação”.
Terceirização – Pauta polêmica desta quarta (2) na Câmara, para ele, o projeto da terceirização, aprovado na Casa, é importante para a retomada do crescimento econômico. “Acho que sim. Eu acho que essa flexibilização é importante para a geração de emprego. Hoje, o maior problema do Brasil, especialmente de Salvador, é o desemprego. Tudo o que a gente puder fazer para facilitar a geração de emprego deve ser feito e merece ter o nosso apoio. Acho que ainda é preciso discutir o modelo de terceirização para o serviço público, que traz um impacto muito grande nas contas governamentais”, ponderou.
Reforma da Previdência – Em relação a outra pauta controversa no Planalto, a Reforma da Previdência, o democrata voltou a se mostrar favorável à Proposta de Emenda à Constituição e sugeriu que o governador Rui Costa (PT) esconde a sua posição de forma oportunista. Medida adotada pelo presidente Michel Temer (PMDB) para diminuir a rejeição da PEC, o prefeito defendeu a exclusão dos servidores estaduais e municipais do regime geral.
“Se eu estivesse no lugar dele, eu faria a mesma coisa, porque, o que é que a gente estava vendo? Prefeitos e governadores sem querer se posicionar. Alguns até, e temos exemplos aqui muito próximos, criticando e contestando a reforma da Previdência e, no entanto, torcendo para que o Congresso aprovasse para sair bem na foto política, não ter o ônus de defender a matéria, mas, depois, ter o ‘benefício’ do alívio nas contas públicas. Está errado. Cada um que assuma a sua posição claramente. Então, se eu fosse presidente da República, teria feito exatamente a mesma coisa. Os governadores que quiserem fazer as reformas das suas previdências estaduais farão, os prefeitos que quiserem fazer, farão”, provocou.
Relação com vereadores – Neto negou ainda ter insatisfação na sua base de vereadores e revelou ter conversado com “pelo menos 15” deles nas últimas duas semanas. “Se alguém está insatisfeito, que me procure ou assuma a autoria de uma eventual insatisfação. Estou tranquilo e a base tranquila. Não poderia ter um momento melhor na Câmara”, minimizou.
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