Publicado em 20/11/2015 às 07h23.

No tabuleiro da baiana tem

Levi Vasconcelos

Hoje, Dia da Consciência Negra, ocorreu-me lembrar o dia em que o acarajé virou estrela top nos debates científicos.

1998, XIII Congresso Mundial de Cardiologia, no Riocentro, Rio de Janeiro. Conversamos com Roberto Kovalick, hoje correspondente da Globo em Londres, nos dias atuais deslocado até Paris para cobrir os efeitos do mar de desgraças que o Estado Islâmico espalha.

Bom papo, gente boa, Kovalick me disse: a estrela maior do evento era o cardiologia norte-americano Ryan Onishi, que apesar da pouca idade, menos de 40, tornou-se famoso por ter sido médico do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton.

Rodou o evento, algum tempo depois reencontrei Kovalick, ele me pautou:

– Ô baiano, ali naquela mesa tem um prato que vai te interessar. Estão escarafunchando o acarajé.

Fui lá. Na primeira chance encostei no Onishi e perguntei.

– O senhor provou o acarajé?

– Não provei e não gostei.

– E da muqueca?

– A mesma coisa.

Fiquei assim, um tanto decepcionado. Como ele sequer provou ou analisou laboratorialmente e não gostou?

Ele explicou, detalhadamente que, do ponto de vista dele, as gorduras, vegetais ou animais são causas de gigantescos malefícios. Defendia ardorosamente o feijão com arroz como o grande alimento da humanidade. Com a ressalva de que o couve flor cai bem também.

Respiramos um pouco aliviados. Não era contra o acarajé especificamente. Era um arauto da derrocada das gorduras, no caso em apreço, a do dendê.

Aquilo me matutou por longos tempos até o dia em que, conversando com o cardiologista Jadelson Andrade, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, hoje diretor do Hospital da Bahia, ele me disse que não era bem assim.

Um estudo feito pelo Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (UFBa) provou que o dendê é do bem.

– Foram selecionados 200 estudantes. Cem tomavam todos os dias uma colher de leite de coco e outros cem, uma de azeite de dendê. Seis meses depois, os exames mostraram que o colesterol da turma do coco subiu e o da turma do dendê caiu.

Que alegria. O dendê é do bem.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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