Publicado em 05/06/2017 às 07h46.

Novos áudios mostram tensão de Aécio antes de delação da JBS

Senador tenta fazer defesa prévia e liga para políticos do PSDB e até do PT para alegar favores; Tucano contatou um delegado da Polícia Federal

Redação
Foto: Lula Marques/ Agência PT
Foto: Lula Marques/ Agência PT

 

Em novos trechos de escutas autorizadas pela Justiça, publicados pela Folha de S. Paulo desta segunda-feira (5), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tenta traçar estratégias de defesa antes das divulgações da JBS, que culminaram no seu afastamento do Senado.

“O tempo é o senhor da verdade”, sugeriu o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como título de um artigo que assinaria. “Não, isso é a marca do Collor, pelo amor de Deus”, respondeu, do outro lado da linha, a irmã Andrea. A conversa aconteceu no dia 20 de maio e dizia respeito à elaboração de texto para um jornal de Minas sobre as acusações que o tucano sofreu em delações da Odebrecht.

O tucano aparece em vários telefonemas para discutir o trâmite de seus casos na Justiça, mas também em tentativas de “enquadrar” aliados, como o senador Zezé Perrella (PMDB-MG), e até na busca de uma ponte com o PT de seu estado.

No dia 17 de abril, ele ligou irritado para o governador paranaense Beto Richa (PSDB), quando exigiu que o chefe da Casa Civil do Paraná, Valdir Rossoni, apagasse um vídeo em que cobrava explicações do senador sobre a Odebrecht. “Ou ele arranca isso agora [e diz que] foi mal-entendido ou acabou aí entre a gente.”

Na mesma semana, Aécio reclamou com o deputado petista Gabriel Guimarães (MG) sobre um pedido de investigação feito por um outro integrante do PT mineiro. Disse que o momento “não é para fazer graça” e que cada um precisa administrar “os doidos de cada lado”. “Entra nesse circuito hoje para ver se baixa essa bola”, disse Aécio, ao pedir que o recado fosse dado ao governador Fernando Pimentel (PT). Procurado, Guimarães disse que ouve todos que o procuram para tratar de assuntos do estado.

Polícia Federal – Aécio também fez queixas ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello, ao telefone. Ele falou sobre o acesso a outros depoimentos em inquérito que responde e diz que um delegado se recusa a fornecer os autos à sua defesa.

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