Publicado em 10/03/2016 às 17h00.

Organizador de evento com Moro defende juiz: ‘Não tem coloração’

Advogado Nelson Wilians revelou ao bahia.ba detalhes de conversas de bastidores: “recomendação dele é para que empresas criem departamentos de compliance”

Evilasio Junior
Foto: Divulgação
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O advogado Nelson Wilians, do Escritório NWADV, um dos organizadores da palestra “Empresas e Corrupção” – com o juiz federal Sérgio Moro, nesta quarta-feira (9), promovida pelo Lide Paraná, em Curitiba – defendeu o responsável pelo julgamento dos processos da Operação Lava Jato das acusações de que tem agido de forma seletiva. No entendimento de defensores – e até integrantes – do governo da presidente Dilma Rousseff, ele integra uma rede de conspiração liderada pelo PSDB para extirpar o PT do poder.

Em entrevista ao bahia.ba, o jurista revelou parte das conversas que o magistrado manteve nos bastidores, em que, inclusive, falou da denúncia contra o seu pai, de que seria fundador da legenda tucana em Maringá, sua cidade natal, no norte paranaense. “O pai dele é falecido e nunca teve envolvimento algum com partido. Era um professor de geografia, acadêmico. Isso é o cúmulo do absurdo. Ele deixou claro que não houve nenhum excesso no caso do ex-presidente Lula e que não teve qualquer motivação política. Ele disse até que em várias fases da Lava Jato outras pessoas foram conduzidas coercitivamente e ninguém nunca falou nada. Na minha concepção, tentaram atribuir a ele uma coloração partidária que não existe”, disse Wilians.

Às 200 pessoas que compuseram o público, formado 99% por empresários, tanto nos 60 minutos do seu discurso, quanto na meia hora de perguntas e respostas, Moro ressaltou a importância da operação para combater a corrupção no Brasil, refutou a tese de que é um dos responsáveis pela crise que aflige o país, e clamou pela responsabilidade compartilhada. “A recomendação dele é para que as pequenas, médias e grandes empresas criem departamentos de compliance [conjunto de normas de cumprimento de regras legais e identificação de desvios]. Citou o caso da Volkswagen, que foi pega em delito, identificou o problema, assumiu a responsabilidade e indenizou os prejudicados. Disse que não é ele ou a Justiça do Brasil que resolve. É papel da sociedade civil organizada”, afirmou.

De acordo com Nelson Wilians, o evento foi “apolítico” por ser “predominantemente voltado para empresários”. “A única representante do Poder Executivo foi a vice-governadora [Cida Borghetti, PP]”, contou. Integraram a mesa de debate o próprio advogado do Escritório NWADV, Sérgio Moro, a cônsul-geral britânica em São Paulo, Joanna Crellin, o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador Paulo Roberto Vasconcelos, e o presidente do Lide Paraná, Fabrício de Macedo, entidade cujo coordenador nacional, João Dória, é pré-candidato tucano à Prefeitura de São Paulo.

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