Por impeachment, PP ameaçou intervenção na Bahia, diz deputado

Apesar de se abster na votação do impeachment neste domingo, Cacá Leão acredita que está protegido "legalmente" de qualquer punição do partido

Rodrigo Aguiar

Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

Um dos sete parlamentares do PP que não votaram pelo prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o deputado federal Cacá Leão afirmou que, após o partido fechar questão pelo impedimento da petista, houve até ameaça de intervenção no comando da legenda na Bahia, como forma de pressionar por votos contra a mandatária.

O PP é presidido no estado pelo vice-governador João Leão, pai de Cacá. “João Leão seria afastado do comando do partido na Bahia. A partir daquele momento, não era mais a minha vida que estava em jogo, era a dos candidatos a prefeito e vereadores, prontos para disputar eleições agora em outubro”, disse o parlamentar ao bahia.ba.

Apesar de não ter ficado contra a presidente, já que se absteve, Cacá acredita que, legalmente, está protegido de qualquer punição da legenda. O outro pepista baiano a se eximir de opinar na votação deste domingo (17) foi Mário Negromonte Jr. Os outros dois deputados baianos do PP, Ronaldo Carletto e Roberto Britto, votaram contra o impeachment.

“O que o partido falava era sobre ausência e voto ‘não’. No documento, não se tratava de abstenção. Estávamos juridicamente protegidos”, afirmou Cacá, ao se referir à decisão da legenda, na última sexta-feira (15), de punir os deputados que votassem pela permanência da petista ou se ausentassem da votação.

Os deputados Macedo (PP-CE) e Waldir Maranhão (PP-MA) também votaram “não” e Beto Salame (PP-PA) – que foi destituído do comando da sigla no Pará – se absteve. De acordo com Cacá, é possível que não sejam concretizadas as ameaças de expulsão, mesmo dos pepistas que votaram expressamente contra o impedimento de Dilma. “Vamos advogar por eles. Talvez o dia seguinte seja o mais difícil. Vamos esperar que os ânimos se acalmem”, declarou.