Publicado em 21/10/2016 às 08h48.

Quem tem medo de Cunha? A resposta está no silêncio

Dizem lá, que se Cunha falar, é nitroglicerina pura. Vai explodir a República, pelo menos, no grosso da representação hoje instalada no Planalto

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa”

Jô Soares, apresentador de televisão

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

 

O primeiro movimento de Eduardo Cunha no primeiro dia de cadeia em Curitiba sacudiu Brasília. Ele contratou o advogado Marlus Arns, negociador de vários acordos de delação premiada na Lava Jato com a cúpula da Camargo Correia.

Marlus conversou com Cunha e saiu dizendo que a delação não esteva em pauta. Mas fora, o tititi era vitaminado pela pergunta: e por que ele foi chamado?

Dizem lá que, se Cunha falar, é nitroglicerina pura. Vai explodir a República, pelo menos, no grosso da representação hoje instalada no Planalto. Não precisa nem provar. Basta abrir a boca.

Lá se diz que Cunha não hesitou em botar Dilma no cadafalso quando tentou negociar o apoio do PT contra a sua cassação no Conselho de Ética, sem sucesso.

E agora, com ele mordido porque na votação da cassação dele em plenário foi goleado por 450 votos a 10, pouquíssimo teria a considerar, a não ser salvar a própria pele, ainda mais que uma grande massa de deputados comiam no prato dele e o traíram.

Por uma dessas ironias, a esperança dos traidores está nos 10 fiéis. Ou seja, para não prejudicá-los, Cunha preservaria a todos. Apegam-se ao fato dele ter dito, lá atrás, que não iria delatar porque não cometeu crimes.

Mas a tese não é muito animadora. De início, Marcelo Odebrecht também dizia que não iria delatar. Preso, mudou de ideia.

Curioso é que as conversas são sempre de deputados ou da esquerda ou que não tinha vínculos com Cunha, que é do PMDB, o partido de Temer, outro agravante.

O próprio governo decretou a lei do silêncio. Lá se diz que, calou, é suspeito. O fato é que tem muita gente sem dormir.

Tocando em frente

Presidente da Comissão da Reforma Política, o deputado baiano Lúcio Vieira Lima (PMDB) diz que a prisão de Cunha em nada vai alterar a agenda de trabalhos por ele traçada:

— Quem deve, que se responsabilize pelos seus atos. Vamos pautar nossa agenda normalmente.

Tarifa social

Tido como um deputado direitista, José Carlos Aleluia (DEM) fez um movimento à esquerda. Como relator da MP-735/16, que altera a legislação na área de energia, garantiu a manutenção da isenção de taxa sobre a Tarifa Social, que o projeto pretendia suprimir.

— Com a mudança no rateio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o maior custo proporcional acabaria ficando com o consumidor mais carente. Propus a isenção da taxa para a Tarifa Social.

Só falta Temer sancionar.

Fator decisivo

O deputado Roberto Carlos (PDT) está convencido de que foi peça decisiva na vitória de Paulo Bonfim (PCdoB) contra Josep Bandeira (SD) em Juazeiro:

— Tive 16.500 votos como deputado e a diferença de Paulo para Josep foi de 2.449. Josep é vezeiro em mudar de partido e provou do próprio veneno. Se ficasse no PDT, ganhava.

Atrás do protagonismo

E a oposição vai disputar a presidência da Assembleia? Se der, sim. Sandro Régis (DEM), líder da oposição, diz que vai avaliar todos os cenários:

— Não temos alinhamento automático com ninguém.

E Luciano Ribeiro (DEM), embora ressalvando que nada há definido, é mais direto:

— Queremos ser protagonistas.

Quer embalar no vento a favor.

Marcelo na parada

Na banda governista, até agora só uma coisa é certa: Marcelo Nilo (PSL), que já está no quinto mandato consecutivo como presidente, vai tentar o sexto.

Marcelo não esconde que quer estar na chapa de Rui Costa em 2018 como candidato ao Senado. E fora da presidência, perde fôlego. Ou seja, não quer nadar, nadar e morrer na praia. Se unir os governistas, não tem pra ninguém.

Ponto para Fábio

Fábio Vilas Boas, secretário da Saúde da Bahia, marcou um gol em Brasília. Conseguiu unir governistas e oposicionistas, ou os 39 deputados federais e três senadores baianos, para apresentar uma emenda impositiva de bancada da ordem de R$ 100 milhões.

O dinheiro será investido na aquisição de equipamentos para diversas unidades no estado, entre elas, o Hospital Metropolitano.

Ele gostou da experiência e agora vai partir para as emendas individuais.

Também o CCB

—A pedido do Conselho Bahiano de Turismo, a bancada baiana aprovou também emenda de R$ 100 milhões para a recuperação ou reconstrução do Centro de Convenções da Bahia.

O governo baiano, que vai buscar parcerias para o CCB, agradece.

Na Câmara

Os 11 vereadores da oposição a ACM Neto ( PT, PSL, PC do B, PSB, PTN e PSD) vão se reunir hoje (10h) no Edifício Bahia Center para discutir vários assuntos, entre eles, a posição que vão tomar com relação a presidência da Câmara.

A bancada de Neto, majoritária, está dividida. Paulo Câmara (PSDB), atual presidente, quer um novo mandato. Outros vereadores, como Léo Prates (DEM), dizem que duas vezes já está bom demais.

Traduzindo: não quer que Paulo Câmara faça na Câmara o mesmo que Marcelo Nilo na Assembleia.

Fraldas geriátricas

A equipe do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Português vai distribuir na segunda 750 fraldas geriátricas para as residentes do Lar Maria Luíza, nos Mares, e outras 750 para os idosos Lar Frei Lucas, na Ribeira.

A iniciativa visa estimular a população a fazer novas doações.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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