Publicado em 21/01/2018 às 08h52.

Senador tucano admite ter recebido proposta de caixa dois da Odebrecht

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, não há nenhum registro nos discursos de Cássio Cunha Lima no Senado de que ele tenha feito denúncia sobre a proposta

Redação
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), primeiro vice-presidente do Senado, reconheceu, em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), que ouviu a proposta de um executivo da empreiteira Odebrecht para que recebesse dinheiro em esquema de caixa dois para sua campanha ao governo da Paraíba, em 2014. O tucano afirmou que recusou a oferta.

De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, não há nenhum registro nos discursos de Cássio no Senado de que ele tenha feito denúncia sobre a proposta. Ele também não procurou a PF ou os órgãos de controle para alertar o que havia ocorrido em seu gabinete.

A afirmação do senador à PF contradiz os depoimentos de delatores da Odebrecht e o resultado de análise técnica feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no Drousys, um sistema de comunicação criado pela empreiteira para o “departamento de propina” da companhia, o Setor de Operações Estruturadas. Os arquivos do Drousys estavam em um servidor em Estocolmo, na Suécia, e foram entregues pela Odebrecht como parte do seu acordo de delação premiada fechado com a PGR.

De acordo com o relatório da PGR, planilhas do Drousys encontradas em anexo de e-mails enviados em 2014 “corroboram as afirmações do executivo da Odebrecht Alexandre José Lopes Barradas, que revelou o pagamento de R$ 800 mil nas eleições de 2014, via caixa dois, em favor de Cássio Cunha Lima”. Segundo Barradas, o parlamentar foi identificado pelos codinomes “Trovador” e “Prosador”.

Em sua delação, o presidente da Odebrecht Ambiental na época, Fernando Reis, contou que a empresa resolveu ajudar a campanha de Cunha Lima porque havia apresentado ao governo da Paraíba uma proposta de parceria público-privada para um projeto de esgotamento sanitário na região da Grande João Pessoa (PB), mas o então governador, Ricardo Coutinho (PSB), ex-aliado de Cunha Lima, “não deu andamento” ao projeto.

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