Publicado em 08/05/2018 às 21h17.

Vereador e miliciano são acusados de mandar matar Marielle Franco

Testemunha disse à polícia que participou de reuniões em que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Curicica tramaram a execução da vereadora

Redação
Foto: Arquivo/ Guilherme Cunha/ Alerj
Foto: Arquivo/ Guilherme Cunha/ Alerj

 

O vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo (Orlando Curicica) foram apontados por uma testemunha chave como responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), de acordo com o jornal O Globo.

O homem disse que está sendo ameaçado de morte por milícia e prestou depoimento em troca de proteção. Em três depoimentos, ele contou sobre reuniões entre Siciliano e Orlando, que tratavam dos prejuízos causados pelo combate da vereadora ao avanço de ações comunitárias de Marielle em áreas de interesse da milícia na Zona Oeste.

Teriam sido fornecidos também datas e horários das reuniões, além de outros quatro nomes de homens escolhidos para cometer o crime, agora investigados pela polícia. As conversas entre Orlando e Siciliano teriam começado em junho do ano passado.

“Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: ‘Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando’. Depois, bateu forte com a mão na mesa e gritou: ‘Marielle, piranha do Freixo’. Depois, olhando para o ex-PM, disse: ‘Precisamos resolver isso logo'”, afirmou a testemunha, segundo O Globo.

Marielle foi assessora do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) durante a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Ainda segundo a publicação, a testemunha contou que, um mês antes do atentado contra Marielle, o ex-PM deu a ordem para o crime de dentro da cela de Bangu 9.

A vereadora foi executada com quatro tiros na cabeça na noite de 14 de março. Na ação, o motorista Anderson Gomes também foi atingido e morreu, e uma assessora foi ferida por estilhaços.

Em resposta à acusação, o vereador disse que não conhece o PM – condenado e preso por chefiar uma milícia – e afirmou que a afirmação da testemunha é “mentirosa”. Siciliano prestou depoimento à Divisão de Homicídios sobre o assassinato de Marielle, no início de abril, na condição de testemunha.

O crime – No depoimento, a testemunha conta que Orlando, primeiro, mandou que homens de sua confiança providenciassem a clonagem de um carro, o Cobalt prata, e que o veículo foi visto circulando próximo da comunidade da Merk, na Zona Oeste, controlada pelo ex-PM.

Um homem identificado como Thiago Macaco teria sido o encarregado de fazer o levantamento dos hábitos da vereadora: onde ela costumava ir, o local que frequentava e todos os trajetos que Marielle usava ao sair da Câmara de Vereadores.

O depoimento também cita que o ex-PM é “dono” da comunidade Vila Sapê, em Curicica, também na Zona Oeste, que trava uma guerra com os traficantes da Cidade de Deus.

Segundo a testemunha, a vereadora passou a apoiar os moradores da Cidade de Deus e comprou briga com o ex-PM e o vereador, que tem uma parte do seu reduto eleitoral na região. “Ela peitava o miliciano e o vereador.

Os dois [o miliciano e Marielle] chegaram a travar uma briga por meio de associações de moradores da Cidade de Deus e da Vila Sapê. Ela tinha bastante personalidade. Peitava mesmo”, revelou a testemunha, de acordo com o jornal.

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