Publicado em 23/12/2015 às 06h00.

2016: Mãe Stella de Oxóssi estimula corrente do bem

A Iyalorixá do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá esclarece equívocos sobre a ideia por trás do orixá que rege o ano e critica a molequeira da política brasileira

Juliana Dias

Faltando poucos dias para o início de um novo ano, é recorrente que os colegas do jornalismo baiano e brasileiro preencham as lacunas do “é preciso saber para crer”, com relação ao Orixá que influenciará os próximos 365 dias. Quando se trata de religião e de crenças, o conhecimento alimentado pelo imediatismo possui mistérios e estruturas que fogem da compreensão objetiva.

Para Mãe Stella de Oxóssi, Iyalorixá do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá (São Gonçalo do Retiro, em Salvador), cada ser humano interpreta o mundo ao seu redor de acordo com sua cabeça e suas percepções, no entanto, a recorrência de mal-entendidos leva a um ciclo de adivinhações confusas. Ela explica que não existe um Orixá que está responsável por reger o ano para toda a humanidade, e sim um ou mais orixás que vão reger o ano para as pessoas que cultuam estas divindades e estão vinculadas à comunidade religiosa pela qual o Jogo de Búzios foi realizado. “A questão religiosa é muito ampla, inclusive para nós do Candomblé, que é formado por várias nações, onde cada uma e cada casa segue um conjunto de normas e formas, sendo uma delas o Orixá que regerá o terreiro e as pessoas que fazem parte dele”, destaca.

Em conversa com o bahia.ba sobre a perspectiva para o ano de 2016, a religiosa falou sobre sua preocupação com a humanidade e sobre a importância de refletir nas ações e nos pensamentos diários à bondade, independente da divindade e da religião que cada indivíduo cultua e segue.  Para ela, o que importa nesse sentido é que as pessoas acreditem e promovam uma atitude de quem faz e deseja o bem para si e para o próximo.

“Eu, como religiosa, baiana e brasileira, faço questão de pedir a Deus, nos meus pensamentos diários, para conter essa maldade na humanidade”, conta. O ato de pedir e fazer o bem funciona quase como uma corrente do bem: “Que o nosso pensamento seja muito forte para as coisas positivas, que as nossas ações diárias sejam sempre de intenções boas e agradáveis, e que possam ser algo como o simples ato de apanhar um lixo na rua”, emenda.

Molequeira – Para Mãe Stella de Oxóssi, que tem nove livros publicados e ocupa a cadeira de número 33 da Academia de Letras da Bahia, que tem como patrono Castro Alves, é uma vergonha acompanhar a política, tanto brasileira quanto baiana. O vexame pela qual ela se refere está relacionado, neste caso, à troca de tapas entre deputados na Câmara dos Deputados em Brasília: “Eu estou angustiada de ver tanto homem com título de respeito fazendo molequeira para dar seguimento a algo tão sério. Que a gente não se deixe contaminar por essas atitudes, caso contrário o mundo está perdido”, completa constrangida, porém esperançosa.

 

 

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