Exercício físico com supervisão é benéfico na pandemia, revela estudo
Saúde mental e física melhoram mais quando prática é supervisionada
Por Elaine Patricia Cruz
As atividades físicas realizadas com supervisão profissional durante a pandemia de covid-19, sejam elas online ou presenciais, trazem mais benefícios sobre a saúde mental e física do que o sedentarismo ou a prática de exercícios sem supervisão. Isso é o que demonstra um estudo feito com 344 voluntários e publicado na revista científica Psychiatry Research.
Apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp), o estudo investiga os efeitos da prática regular de exercícios físicos sobre a saúde física e mental neste momento de combate à covid-19.
Para tanto, o estudo considerou três modelos de aulas praticadas durante a pandemia – presencial com supervisão profissional, online sem supervisão e online com supervisão por videochamada – e comparou tais situações com o sedentarismo, ou seja, com pessoas que não estavam praticando qualquer tipo de exercício nesse momento.
A pesquisa foi feita por meio de um questionário online, em que voluntários deveriam responder se estavam conseguindo fazer exercícios físicos durante a pandemia e como estava a saúde mental deles antes e durante a crise sanitária e qual era o nível de atividade física praticado antes e durante a crise.
No caso da saúde mental, foram avaliados nove itens que compõem a MADRS-S (Montgomery-Asberg Depression Rating Scale–Self Rated): tristeza, tensão, dificuldade de sono, alteração de apetite, dificuldade de concentração, lentidão, incapacidade de sentir, pessimismo e pensamentos suicidas.
“Dos quatro grupos analisados (com supervisão online, com supervisão presencial, sem supervisão e sedentário), aqueles que não faziam nada durante a pandemia apresentaram pior saúde mental e piores níveis de atividade física. Para nossa surpresa, quem realizou exercício supervisionado remotamente apresentou maiores níveis de atividade física, principalmente as intensas [rigorosas], comparado com quem fez o exercício sozinho, e uma leve tendência sobre quem fez presencial”, disse Carla da Silva Batista, pesquisadora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), e uma das autoras do estudo, junto com Acácio Moreira-Neto.
“Entre os [voluntários] que praticam exercícios, 59% das pessoas melhoraram a saúde mental, independentemente de fazer [exercício] supervisionado, ou não. Quando se analisa somente quem faz [exercício] supervisionado, houve melhora de 25%, igual ao grupo de quem faz supervisionado presencial”, afirmou Carla, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com a pesquisadora, a saúde mental dos grupos que fizeram exercícios, independentemente de terem sido supervisionados ou praticados por conta própria, ficou melhor do que a de quem não fez nada ou foi sedentário na pandemia.
A pequena diferença observada entre as pessoas que fazem exercícios supervisionados online e aquelas que o fazem de forma presencial decorreu principalmente da intensidade do exercício. “Se você faz supervisionado, aumenta mais os níveis de atividade física intensa do que quem faz por conta própria. E você tem uma leve tendência sobre quem faz presencial”, explicou Carla. “Esse grupo que faz supervisionado remotamente aumenta muito mais os níveis de atividade física intensa, que, nesse grupo, estão associados a uma melhor saúde mental.”
Segundo a pesquisadora, a diferença entre os dois tipos de aulas supervisionadas ocorre porque, neste momento da pandemia, as pessoas temem contrair o novo coronavírus na prática presencial. “Os que fazem remoto indicam mais segurança, porque estão sozinhos, com o profissional na tela. E quem fez presencial, mesmo mantendo distância e usando máscara, tinha preocupação com a segurança [de não se infectar com a doença]”, falou. Além disso, o uso da máscara na aula presencial pode interferir um pouco na intensidade ou no desempenho do exercício praticado, destacou Carla.
Ela informou que a pesquisa ainda será objeto de mais análises e que um dos temas a serem aprofundados é a saúde mental. “Observamos que tem pessoas que, mesmo realizando algum tipo de exercício, não conseguiram voltar para o estágio de saúde mental melhor. Isso tem muito a ver com o fator do momento, com a falta de expectativa de que a pandemia vá voltar ao normal no Brasil.” Segundo a pesquisadora, o estudo também deverá ser ampliado, tentando ouvir mais pessoas.
Mais notícias
-
Saúde e Bem Estar
19h04 de 25 de abril de 2024
Estão abertas as inscrições para o edital Ciência na Mesa 3
Com investimento de R$ 6,3 milhões, o prazo para submissão de propostas vai até 7 de junho de 2024
-
Saúde e Bem Estar
18h56 de 25 de abril de 2024
Saúde amplia vacinação da dengue para mais 625 cidades a partir desta sexta (26)
As novas cidades foram listadas no parecer técnico do ministério, divulgado nesta quinta-feira (24)
-
Saúde e Bem Estar
17h46 de 25 de abril de 2024
Anvisa lança painel para facilitar consulta de preços de medicamentos e identificar abusos
A Anvisa ressalta que painel não substitui as listas oficiais de preços publicadas mensalmente pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos
-
Saúde e Bem Estar
07h49 de 25 de abril de 2024
Malária: gestantes, crianças e pessoas vulneráveis são mais afetadas
94% dos casos da doença foram registrados na África
-
Saúde e Bem Estar
22h00 de 24 de abril de 2024
Drauzio alerta governos Lula e Bolsonaro: ‘Teremos uma nova pandemia’
Segundo Varella, "assim que surgirem os primeiros casos de uma doença desconhecida em nosso território, será necessário detectá-los de imediato
-
Saúde e Bem Estar
16h15 de 24 de abril de 2024
Casos de dengue dobraram em relação a 2023; mortes cresceram em 46,31%
Os dados são do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde
-
Saúde e Bem Estar
11h50 de 24 de abril de 2024
Anvisa publica resolução que proíbe cigarro eletrônico no Brasil
Medida entra em vigor nesta quarta-feira
-
Saúde e Bem Estar
14h53 de 23 de abril de 2024
Bahia registra 52 casos de ataques e 10 mortes por escorpiões
O animal possui um veneno que pode ser letal e casos vem crescendo desde janeiro
-
Saúde e Bem Estar
14h33 de 23 de abril de 2024
Bahia registra 47 mortes por dengue em 2024 e mais de 150 mil casos
Diversos municípios estão em estado de epidemia da doença
-
Saúde e Bem Estar
14h12 de 23 de abril de 2024
Cobertura vacinal contra a pólio no Brasil melhora, diz Unicef
Número de crianças não vacinadas caiu no ano passado