Orquestra baiana corre risco de acabar, adverte maestro
Maestro da Osba falou ao Bahia.ba, após apresentação no Lançamento do Projeto Diversidade de Rua

Em conversa com o Bahia.ba, o Maestro da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), Carlos Prazeres, falou sobre a crise que a Orquestra enfrenta e as alternativas para superar o momento. Também falou sobre a criação do movimento #VivaOsba, manifesto lançado para chamar atenção sobre a situação alarmante da Orquestra. Entre os problemas apontados pelos músicos estão a incompatibilidade salarial com o mercado e a impossibilidade de ser uma orquestra pujante quando se tem 40 músicos a menos do mínimo ideal.
Na Bahia desde 2011, Prazeres se mantém apaixonado pela ideia de levar a música clássica para todos os cantos. Obstinado pelo objetivo, já quase dobrou o público da Orquestra e segue levando sua música a vários segmentos da sociedade, como ocorreu no último dia 31 de outubro, quando a orquestra se apresentou para moradores de rua na Praça das Mãos, no bairro do Comércio. Também é o caso deste domingo, no concerto gratuito a ser realizado pelos músicos na Igreja de São Franciso.
Criada em 1982, apesar de ter o apoio do governo do estado, por meio da Secretaria de Cultura, os recursos não têm sido suficientes para contratação de músicos e viabilização de grandes concertos. A companhia, que integra os corpos artísticos do Teatro Castro Alves, já teve a regência de conceituados maestros e já acompanhou grandes nomes da música clássica, como Luciano Pavarotti, e fez apresentações ao lado de ballets como o Kirov, Bolshoi e da Cidade de Nova York, além da participação na montagem de várias óperas.
“Todo artista tem de ir aonde o povo está”
Uma orquestra Sinfônica tem que ser parceira de sua sociedade, se a gente estivesse em Montreal poderíamos ficar ensaiando e apresentando em nossa sala e esperando o público chegar para assistir nossos concertos. Mas não, estamos em Salvador, no Brasil. Uma orquestra sinfônica que esteja no Brasil, em qualquer estado, tem a obrigação de ir aonde o povo está. Essa frase tão celebre do Milton Nascimento se aplica para a gente também. Nós temos que buscar levar a música clássica em qualquer lugar.
Eu tenho um pensamento e uma postura de esquerda, e nesse sentido procuro levar o melhor para todo mundo. Muitas vezes, quando os políticos de esquerda assumem o poder, eles acham que só ofertar a cultura de massa ao povo e promover a política do pão e circo é lamentável. Acredito que é obrigação promover o acesso à opera, à música de concerto e ao balé e também, claro, ao melhor do popular, porque todo o povo merece ter acesso a bens culturais de qualidade. É claro que uma orquestra sinfônica é um organismo caro, e exatamente por isso, precisa e merece ser usufruído por toda a população, e não apenas por uma pequena elite.
Por isso, nós da Osba damos apoio às causas que formos convidados e apoiamos o Movimento Organizado dos Moradores de Rua ao realizar um show aberto ao público no dia no último dia 31 de outubro na Praça das Mãos, no Comércio e também por isso estamos aqui hoje em respeito a esse grupo social.

#VivaOSBA
A Orquestra Sinfônica da Bahia é única oficial representante do Estado, existem outros projetos importantíssimos, como o Neojiba e a Orquestra da Universidade Federal da Bahia, mas que têm propostas complemente diferentes. Uma é um projeto de ação social e a outra é uma orquestra de universidade que tem o seu propósito a cumprir dentro do mundo acadêmico. Manter a Osba viva é primordial para levar o melhor da arte para a população. E nós da Sinfônica da Bahia tem feito um trabalho que aumentou o seu público em 192% nos últimos quatro anos, justamente porque decidimos sair do nosso castelo e caminhar, ganhar as ruas.
Outro destaque importante é que as pessoas não têm mais medo de entrar no Teatro Castro Alves (TCA), como se aquele espaço fosse restrito apenas para convidados especiais. Não, o TCA é para todos. E acho inclusive que algumas formalidades deveriam ser abolidas, não vejo problema em alguém ir o teatro de bermudas, por exemplo, porque o mais importante é que a gente consiga trazer para os teatros esse público novo que vem sendo conquistado pela música clássica.
É muito recompensador quando a gente se depara com um público formado por gente jovem, pessoas que carentes de oportunidades de acesso. E o melhor desse movimento que não exclui nada nem ninguém por ser complementar, pois a pessoa certamente não vai parar de ouvir o que já ouvia antes. Costumo dizer que nós somos uma espécie de traficantes do bem em fazer esse trabalho de invadir territórios que não eram tomados por música como a que a gente faz. É que a gente tem tentado fazer, levando a música clássica de uma maneira leve e construtiva e espero que a gente consiga ter mais apoio do nosso governo pois continuando do jeito que está a Osba pode acabar em breve e a gente não vai poder fazer muita coisa.
Tentativas com o governo
Temos conversado com o governo para manter o organismo funcionado, e nesse sentido a contratação de novos músicos é fundamental. Estamos estudando novas maneiras para esta contratação, que antes era feita por concurso público, que não é o ideal. Neste sentido, a coordenação da Orquestra dentro da gestão pública também não á a melhor forma, pois enfrentamos alguns problemas para a aquisição de novos instrumentos, aluguel de partitura e capitação de recursos que são coisas que precisam passar pela burocracia do Estado e atrasam o andamento mais rápido de tudo.
Temos um apelo que também pode ser explorado comercialmente, como é o caso do Cine Concerto, que tem a capacidade de lotar o teatro Castro Alves em duas edições. Estamos pensando em novos formatos, como uma concessão pública para que uma organização possa cuidar da administração da Orquestra com um CNPJ próprio, como o que já acontece com a Neojiba por exemplo. Para eles é muito mais fácil comprar instrumento, pois não precisam licitar. Outra questão é o salário dos músicos, que está defasado em relação aos de outros estados. A ideia é que as novas contratações sejam feitas por CLT, tudo no sentido de manter conosco os grandes talentos que sofrem assédio constante de outros países. Hoje, a Priscila Plata Rato, que é uma das principais violinistas do país, só está conosco porque está fazendo mestrado aqui na UFBA, ano que vem deve ir embora também.
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