Após conflitos em Pacaraima, ruas e comércio estão vazios
Filas desapareceram do posto de triagem para imigrantes
Débora Birto e Marcelo Camargo
Após os conflitos em Pacaraima (RR), em que venezuelanos foram atacados, tiveram barracas e pertences queimados por moradores, caiu o movimento de imigrantes na fronteira entre Roraima e Santa Elena de Uairen, na Venezuela. Na cidade, o número de imigrantes também diminuiu e nos arredores da rodoviária, onde houve a tensão, tudo está vazio.
Nos dois últimos dois anos, a Polícia Federal registrou a entrada de quase 130 mil venezuelanos no Brasil por Pacaraima. Até o fim de junho, cerca de 70 mil imigrantes haviam saído por via terrestre ou aérea e não constavam registros de pelo menos 58 mil venezuelanos.
Vazio – A entrada do Posto de Recepção e Identificação montado pela Operação Acolhida está praticamente vazia: desapareceram as longas filas de venezuelanos à espera de uma permissão para residência ou refúgio no Brasil. No local há poucos interessados que são atendidos de forma imediata.
Pelos dados do posto, eram aproximadamente 700 atendimentos diários para registro e vacinação. Desde o último fim de semana, pouquíssimos têm aparecido no posto.
A ausência de venezuelanos é observada ainda nas ruas e no comércio de Pacaraima, antes lotados de imigrantes sem abrigo. Muitos ficavam perambulando, enquanto outros se transformavam em vendedores ambulantes. O local onde houve os conflitos está vazio.
No último sábado (18), um grupo de brasileiros agrediu com paus e pedras e ateou fogo a venezuelanos que estavam acampados em frente à rodoviária. O conflito começou após um comerciante ter sido assaltado e espancado, supostamente por imigrantes.
Perfil – No Centro de Triagem do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o fluxo continua estável, uma vez que os solicitantes de documentação já tinham senha de atendimento há alguns dias. De acordo com os agentes, os reflexos do incidente do último sábado serão observados nas próximas etapas da Operação Acolhida, nas próximas semanas.
O ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, deve visitar nesta quinta-feira (23) o centro de triagem e os outros serviços emergenciais de assistências aos imigrantes.
Nos últimos dois meses, o centro atendeu quase 8 mil pessoas, uma média de 126 por dia. Segundo dados do Acnur, entre os imigrantes recém-chegados a Roraima, mais de 60% solicitam refúgio, 39% pedem residência temporária e 2% requerem apenas a emissão de CPF. Mais de 70% querem ir para outras regiões do país, principalmente Boa Vista.
Casos de pessoas envolvidas em situações de perigo, como tráfico de pessoas, aliciamento, abuso sexual, violência de gênero e outro tipo de criminalidade são apurados durante as etapas da Operação Acolhida.
Os solteiros representam mais da metade dos imigrantes, 27% estão em união estável e 15% são casados. Considerando o nível educacional, 58% completaram o ensino médio, 13% são universitários e outros 13% têm o ensino fundamental.
Durante a triagem é avaliada ainda a identificação de pessoas em situação de vulnerabilidade extrema. O relatório do Acnur mostra que cerca de 5% apresentam necessidades específicas – entre eles há pessoas com deficiência, grávidas, idosos desacompanhados, famílias monoparentais, portadores de doenças graves e crianças separadas dos pais.
Casos de pessoas envolvidas em situações de perigo, como tráfico de pessoas, aliciamento, abuso sexual, violência de gênero e outro tipo de criminalidade são apurados durante a Operação Acolhida.
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