Publicado em 25/04/2024 às 16h10.

Após ‘calotes e despejos em série’ mãe e filha moram no McDonald’s

As duas foram condenadas por não pagarem aluguel em diferentes moradias

Redação
Foto: CBN

 

Duas mulheres identificadas como Susane Paula Muratoni Geremia, de 64 anos, e Bruna Muratori Geremia, de 31 anos, estão morando há quase três meses em um McDonald’s do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Susane e Bruna são mãe e filha e, o caso foi revelado pela CBN nesta quinta-feira (25), após mais de 20 dias de investigações. A reportagem acompanhou durante todo o mês de abril a rotina das duas mulheres e conversou com diversas fontes para entender quem são e quais os motivos de as mulheres estarem nessa situação. Em todas as visitas da reportagem, elas negaram os pedidos de entrevista.

A CBN aponta que Bruna Maratori, a mais nova, se apresenta como brasileira, fluente em inglês, espanhol e com conhecimentos de francês. Ela já trabalhou em restaurantes do Rio, como professora de idiomas, atendente de hotel e recepcionista de uma padaria do Leblon. Em geral, os empregos duravam poucos meses. No último deles, Bruna atuou como recepcionista em um restaurante do Leblon, de janeiro a março de 2024.

A CBN não conseguiu localizar um histórico trabalhista de Susane, a mãe, mas confirmou que ela se casou com um homem que, hoje, mora no Reino Unido. Ambos foram sócios em uma empresa registrada em Porto Alegre como comércio atacadista de produtos químicos e petroquímicos, além de defensivos agrícolas e adubos.

A CBN acrescenta que após uma extensa pesquisa na Justiça, a reportagem identificou um padrão na atuação de Bruna e Suzane. Elas alugam apartamentos e depois deixam de cumprir o contrato, parando de pagar o aluguel. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foram ao menos dois casos desse tipo. Em 2017, por exemplo, elas foram condenadas pelo Tribunal de Justiça do estado por ficarem sem pagar quatro meses de aluguel, entre agosto e novembro. A dívida somou quase R$ 10 mil.

No Rio de Janeiro, os primeiros registros judiciais dão conta de que, em 2019, já havia processos contra Bruna e Suzane por falta de pagamento de aluguel. São ao menos três casos de contratos feitos nos nomes das duas. Em um deles, a Justiça condenou ambas e determinou o despejo, por acumularem uma dívida de R$ 13.252,36. Em outro, a avaliação do juiz foi de que se tratava de um caso hipossuficiência, ou seja, elas não tinham condições financeiras de arcar com as dívidas, continua a CBN.

Em todos os casos analisados pela reportagem, a Justiça demonstrou intensa dificuldade em localizar Bruna e Susane para notificações. Em alguns deles, foram feitos pedidos a órgãos públicos, como o Tribunal Eleitoral, para que se pudesse obter o endereço e o telefone das duas. Em fevereiro deste ano, uma decisão da Justiça do Rio incluiu os nomes das duas no Serasa.

Ainda segundo a reportagem da CBN, um ambulante da região, que preferiu não se identificar, afirma que trabalhou em um hotel em Copacabana antes da pandemia e contou que Susane e Bruna deram um calote nesse estabelecimento, pois saíram sem pagar, em 2022.

“Conheço elas pelo histórico (do local) onde eu trabalhei, um hotel em Copacabana. Elas se hospedaram lá e não pagaram a hospedagem, em 2022. Não aceitam ajuda, são bem ríspidas, não se abrem. Ficam andando na rua, peregrinando. Ficam para lá e para cá, e não tem um local fixo”, conta o vendedor.

Uma pessoa que trabalhou na gerência do hotel na época confirmou a história e disse que a direção preferiu não denunciar o caso à polícia, para evitar exposição.

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