Publicado em 21/02/2017 às 08h20.

Gil destaca diferença entre sua família e a de Bolsonaro: ‘Nos beijamos’

O compositor baiano foi o convidado especial do último ensaio desta temporada do Cortejo Afro, no Pelourinho

James Martins
Montagem: bahia.ba
Montagem: bahia.ba

 

A participação de Gilberto Gil no último ensaio do Cortejo Afro, nesta segunda-feira (20), que lotou a Praça das Artes (Pelourinho), foi emocionante. O cantor de 74 anos, como tínhamos antecipado, interpretou cinco músicas acompanhado de uma orquestra sinfônica compacta concebida especialmente para o projeto CortêGil: uma homenagem a ele, que é o tema do bloco neste carnaval.

O cantor também conversou com a plateia, descontraidamente, no melhor estilo Gil. Ao falar sobre o bloco que o homenageia, fez questão de mencionar não apenas a juventude, como também a abrangência, e a elegância, do Cortejo. “Curiosamente, o Cortejo é o último a surgir. Veio depois do Olodum, do Ilê, do Muzenza, em 1998. É o bebê dos blocos afro! E, não só traz muito do que os outros tinham, têm, como acrescenta a isso uma elegância… como é que diz mesmo o slogan? Uma elegância sofisticada! [referência ao “Elegantemente sofisticado”, slogan do bloco]”, disse.

Após cantar “Pai e Mãe”, gravada originalmente no disco “Refazenda” (1975), cujos primeiros versos dizem “Eu passei muito tempo / aprendendo a beijar outros homens / como beijo meu pai (…)”, o compositor baiano comentou uma declaração do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-SP): “Eu vi há pouco tempo, na televisão, uma declaração de Bolsonaro, o pai. Ele disse: ‘Lá em casa não se criou o hábito de ninguém se beijar. Nem pai, nem filho, nem ninguém’. Eu achei engraçado”, mencionou. E, após uma breve pausa, completou o artista: “Lá em casa, não. Lá em casa nós criamos esse hábito (risos)! Há casas… e casas, não é?”. O público aplaudiu.

Curiosamente, uma das muitas polêmicas protagonizadas por Bolsonaro envolve Preta Gil, filha de Gilberto. Em 2011, ele foi acusado de ter proferido comentário racista contra a cantora, no programa CQC. O deputado, no entanto, se defendeu afirmando que a edição do programa agiu de má-fé e modificou o sentido de sua fala. Em 2015 ele foi oficialmente inocentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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