Publicado em 18/04/2016 às 18h14.

Em pronunciamento, Dilma volta a falar em golpe: ‘me sinto injustiçada’

A petista disse se sentir injustiçada e voltou a reforçar que o processo de impeachment, aprovado na Câmara, não tem base legal na Constituição

Hieros Vasconcelos
Dilma em pronunciamento na tarde desta segunda-feira (18), um dia após a Câmara aprovar a admissibilidade do processo de impeachment ( Foto: Wilton Júnior/ Estadão Conteúdo)
Foto: Wilton Júnior/ Estadão Conteúdo

 

A presidente Dilma Rousseff (PT) se pronunciou publicamente, na tarde desta segunda-feira (18), um dia após a Câmara dos Deputados aprovar, com 367 votos, a admissibilidade do processo de impeachment.

A petista fez questão de afirmar que se sente injustiçada e voltou a reforçar que a ação em curso, entregue nesta segunda ao Senado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), trata-se de um “golpe”, uma vez que, em seu entendimento, não há nenhuma acusação contra ela com base na Constituição.

“Eu vou insistir que não há crime de responsabilidade e os atos pelos quais eles me acusam foram praticados por outros presidentes, antes de mim, e não se caracterizaram como sendo atos ilegais ou atos criminosos. Foram considerados legais, portanto, quando eu me sinto indignada e injustiçada, é porque a mim se reserva um tratamento que não se reservou a ninguém”, disse.

A mandatária classificou as chamadas “pedaladas fiscais”, apontadas no relatório que pede o seu afastamento, como “atos administrativos” que tiveram o aval de pareceres técnicos e jurídicos.  “Quando um presidente pratica atos administrativos ele faz baseado em toda uma cadeia de decisão que imprime pareceres técnicos, jurídicos e análises. Essa foi a opinião antes de eu assinar os atos e também, a posteriori, foi a posição de todos os juristas consultados”, argumentou.

Ainda conforme a petista, também não há sobre si denúncias de desvio de dinheiro ou de enriquecimento ilícito. A afirmação foi uma clara referência a Cunha, que conduziu a votação no último domingo (17). Para ela, o Brasil vive uma mobilização “violenta contra a verdade, a democracia e o estado de direito”.

“Eu, no passado, enfrentei por convicção a ditadura, e agora enfrento por convicção um golpe de estado que não é o golpe tradicional da minha juventude, mas infelizmente é o golpe tradicional da minha maturidade. O golpe em que se usa de uma aparência de processo legal e democrático para depredar o mais abominável crime a uma pessoa que é a injustiça”, comparou.

Instabilidade política – A presidente também comentou que, nos últimos 15 meses, seu governo viveu sob uma instabilidade política provocada pela oposição, sob a “estratégia do quanto pior melhor”. “Eu quero dizer para vocês que também me sinto injustiçada por outro motivo: por não permitir que eu tenha nos últimos 15 meses governado em um clima de estabilidade política. Contra mim praticaram sistematicamente a tática ou estratégia do quanto pior melhor. Pior para o governo, melhor para oposição”, afirmou.

Ao ser perguntada por um dos repórteres se a tensão que ela vive era tão grande quanto a vivida na ditadura, ela disse que não. Dilma ainda citou a dificuldade vivida naquele período, comentou as torturas que sofreu e disse que “não vão matar a sua esperança”. “De uma certa forma, estou tendo os meus sonhos torturados, mas não vão matar em mim a esperança, pois eu sei que a democracia é sempre o lado certo da história”, declarou.

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