Publicado em 04/12/2015 às 17h00.

Benito Gama: ‘Futuro de Dilma depende de mobilização de ruas’

Relator do impeachment de Collor, deputado baiano acredita que a situação da presidente é pior no começo do processo

Elieser Cesar

“O futuro de Dilma vai depender das mobilizações de rua. Se houver um grande clamor popular contra a permanência dela na Presidência da República, o Congresso será sensível e ela cai”.  Quem faz a previsão é um político com grande experiência em impeachment, o deputado federal Benito Gama (PTB-BA). O petebista foi nada mais nada menos do que o relator do processo que, em 1992, culminou no afastamento de Fernando Collor de Mello.

Cotado para integrar a comissão dos 63 parlamentares que irão avaliar o processo aberto contra Dilma Rousseff, ele só não fará parte do seleto grupo se não quiser. Deve entrar na cota do três representantes do PTB, mas ainda avalia a possibilidade, pois convalesce de uma recente cirurgia no quadril. “Segunda-feira terei a resposta”, informa.

Benito acredita que a situação da mandatária, hoje, é pior do que a de Collor, no início do processo de impeachment. Afinal, conforme o parlamentar, no estágio inicial, Collor não administrava uma crise financeira que já dura um ano e tem se agravado. Ao contrário de Dilma, tinha maioria na comissão especial e no plenário da Câmara e só perdeu as condições de se manter no cargo ao longo do processo.

Apesar da comparação desfavorável, Benito Gama diz que a petista tem mais chances de barrar o impeachment se a votação acontecer logo. Para tanto, é necessário que o Congresso não entre em recesso parlamentar de final do ano, como deseja o governo, enquanto a oposição quer prolongar as discussões até 2016 para, justamente, dar tempo às mobilizações. A marcha nas ruas é outro fator que, segundo o deputado baiano, diferencia as ações contra Dilma e Collor.

Julgamento Político – Segundo Benito Gama, no caso de Dilma, uma parte da população já foi às ruas e está disposta a retomar as passeatas pela saída da líder nacional. Já em relação a Collor, os caras-pintadas só foram às praças muito depois, em resposta contrária ao pedido do presidente de que saíssem de casa para defender o seu mandato. “Se as grandes mobilizações se repetirem, Dilma terá dificuldades”, aponta o petebista.

Ele disse ainda que, caso permaneça no cargo, Dilma Rousseff terá que mudar completamente sua maneira de governar. E se for defenestrada? “Aí não haverá problema para a  manutenção da ordem institucional e o seu sucessor [o vice, Michel Temer, do PMDB] assumirá com condições de governar”, opinou. Ao ser lembrado de que Fernando Collor de Mello, mesmo afastado pelo Congresso, terminou inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Benito Gama admitiu que isso só foi possível porque houve falhas processuais. De qualquer forma, o impeachment é mais um julgamento político e, este, parece ainda mais político, pela maneira com que o processo foi deflagrado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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