Publicado em 18/07/2016 às 09h17.

Bom governante é fácil ver. Já bom candidato…

Bom governante é que aquele que conhece bem a vastidão da problemática do território da sua governança e foca o que quer

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Sempre que pensamos que não dá para tornar nossa vida pior, vem o governo e consegue”

 Bernard Shaw, dramaturgo e romancista irlandês (1856-1950)

Foto: Mateus Pereira/GOVBA
Foto: Mateus Pereira/GOVBA

 

Pergunta-me a leitora Janaína Félix, de Salvador, como fazer para escolher o melhor candidato.

É complexo, minha cara. É evidente que a vida pregressa do postulante é um indicativo. As companhias que ele escolhe em campanha também. Mas a partir daí isso envolve um vasto mix de ponderações, que vão das expectativas da comunidade em que estamos envolvidos, os ingredientes ideológicos e até mesmo o desempenho pessoal, político e administrativo do eleito.

E não é raro uma coletividade apostar em um, depositando todas as esperanças, para logo se decepcionar. É um tipo de estelionato, o político.

Certo é que uma coisa é desempenho eleitoral, outra é o governo. E posso tentar dizer-lhe, o que entendemos por um bom governo.

Bom governante é que aquele que conhece bem a vastidão da problemática do território da sua governança e foca o que quer. Por aí, podemos dizer que ACM Neto e Rui Costa são bons.

Neto, por exemplo, com pouco dinheiro, sabe que há muitos problemas que ele não conseguiu atacar, e alguns pegou de raspão, dentro do que pode, mas focou em embelezar a cidade.

Rui Costa, com a Bahia inteira, um território quase do tamanho da França, também com a complexidade maior e dinheiro curto, focou na saúde e educação.

Ousou mais. A excelência da governança é baixar as más estatísticas e isso que ele diz pretender, embora tenha dado o azar de pegar o governo num momento de crise.

Ressalte-se que em campanha, todo candidato vira santo e encara o adversário como o diabo.

Não é uma coisa e nem outra. O resto é com você.

(Foto: Roberto Viana/Bahia.ba).
(Foto: Roberto Viana/Bahia.ba).

 

O vice de Neto

ACM Neto abriu, na semana passada, em Brasília, as conversas para a definição do vice.

De novo, só que o deputado Antônio Imbassahy, líder do PSDB na Câmara, indicou Paulo Câmara, presidente da Câmara de Salvador.

Mas tudo parecia caminhar para Neto carimbar o deputado Bruno Reis, amigo dele e também do PMDB de Geddel.

Mas eis que Rodrigo Maia, do DEM e do Rio, se elegeu presidente da Câmara e recacifou Neto, antes quase à mercê de Geddel, no plano federal.

E aí apareceu Tia Eron dizendo-se candidata a prefeita pelo PRB, o deputado José Penna, presidente nacional do PV, dizendo que gostaria de repetir a dobradinha de 2012 (DEM-PV).

É Neto empinando o nariz para tornar-se ele próprio, como sempre, o senhor da escolha. Dificilmente o escolhido fica fora do bloco de amigos, o próprio Bruno Reis no PMDB, Luiz Carreira no PV, João Roma no PRB de Tia Eron, Silvio Pinheiro no SD e Guilherme Bellintani no DEM.

Eu apostaria em Luiz Carreira.

O vice de Alice — Na outra banda, a de Rui Costa, a escolha do vice também abriu a temporada de discussões.

Na reunião do PSB de Lídice da Matta ontem, Valdemar Oliveira, ex-vereador, deu o pitaco: indicar a deputada Fabíola Mansur.

Divórcio

Completou seis anos, semana passada, da emenda constitucional que acabou a separação judicial e eliminou o prazo de dois anos para a obtenção do divórcio direto.

Sérgio Carneiro, o autor da PEC, hoje secretário em Feira, festejou:

— Só um fato como esse, que beneficiou tantas pessoas, já justifica toda a minha trajetória parlamentar.

Guerreiro Ramos

“Sabe quem é Guerreiro Ramos?”. Ante a resposta negativa, o professor Jorge Almeida, da Ufba, lamenta: “Olha aí, um grande baiano, pouco conhecido na terra dele’.

Se vivo fosse, Luiz Guerreiro Ramos, jornalista, sociólogo e político santamarense, negro, estaria completando 100 anos. Foi professor da Fundação Getúlio Vargas, na Universidade de Paris, do Sul da Califórnia, Yale e Wesleyan, nos EUA.

Tem obras traduzidas para espanhol, inglês, francês e japonês.

O centenário dele foi lembrado na Faculdade de Arquitetura da Ufba, semana passada, com o relançamento do livro Mito e verdade da revolução brasileira, 54 anos após a primeira edição. O professor Nildo Ouriques, da Universidade de Santa Catarina, estudioso do autor, estava lá.

POLÍTICA COM VATAPÁ

Estratégia eficaz

Essa quem conta é Sebastião Nery.

Sandoval Caju, radialista alagoano, fez sucesso no sul e depois voltou para Maceió. Na rádio Tabajara, sucesso total, audiência disparada, se candidatou a prefeito.

Fazia mil estripulias na campanha. Uma delas: mandou amigos espalhar, na surdina, que os adversários queriam matá-lo.

Comoção geral, o tititi correndo solto nos quatro cantos de Maceió, convocou grande comício em frente à Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, a padroeira da cidade, entrou com o discurso:

— Maceioenses, querem assassinar o candidato de vocês! Mas eu peço aos assassinos que querem tirar a minha vida, que a tirem agora! Se eu morrer neste momento, morrerei satisfeito! Se cair para trás, caio nos braços de Deus; se cair para frente, caio nos braços do povo!

Saiu vivo. E vivaldino, ganhou a eleição.

Vaquinha eleitoral

Os deputados federais Alessandro Molon (Rede-RJ) e Daniel Coelho (PSDB-PE) perguntaram ao TSE: os candidatos deste ano podem fazer sites para arrecadar fundos, a chamada Vaquinha eleitoral? Resposta: “Não. Está fora do ordenamento jurídico”.

Todavia, o advogado baiano Tiago Ayres, especialista em direito eleitoral, acha que nada impede a criação de formas de doações coletivas, desde que haja identificação do doador, mecanismos de captura da transação e emissão de recibo individual.

Caixa 2

Mesmo que os candidatos consigam implementar um modelo viável, ainda há um problema: os gastos não podem ultrapassar 70% do valor mais alto da última campanha em cada município, o que vai inviabilizar a grande maioria delas, pela lei.

É por isso que 2016 será o ano do Caixa 2.

Foto: Carol Garcia/GOVBA
Foto: Carol Garcia/GOVBA

SOS ex-prefeitos

Maria Quitéria (PSB), prefeita de Cardeal da Silva e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), está articulando a criação de uma associação de ex-prefeitos.

O foco principal é montar um aparato jurídico para defender os ex-gestores.

— Não é justo que um ex-prefeito responda por atos praticados cinco, dez anos depois que ele deixou o mandato. Ele não tem nem como se defender.

E quando o prefeito da vez é adversário do acusado então…

Vazio institucional

Quitéria, que a partir de janeiro também será ex-prefeita, diz que o estatuto está quase pronto e a entidade terá que sair logo.

— Eu, como presidente da UPB, sou muito procurada por ex-prefeitos e nada posso fazer porque a entidade é só para atender prefeitos. E os “ex” ficam órfãos.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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