Publicado em 22/03/2017 às 10h04.

Deputados estaduais baianos fogem do voto em lista como o diabo da cruz

Ouvimos 12 deles, oito são ostensivamente contra, dois são a favor, mas não agora, um ainda não firmou nenhum lado e só um é a favor. Veja algumas posições

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“O grande problema do nosso sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas democraticamente”

José Saramago, escritor português (1922-2010)

Na imagem, audiência pública que a Comissão da Reforma Política realizou no dia 13 de março, na Assembleia (Foto: Divulgação/AL-BA)
Na imagem, audiência pública que a Comissão da Reforma Política realizou no dia 13 de março, na Assembleia (Foto: Divulgação/AL-BA)

 

A reforma política, que vem sendo articulada desde o ano passado, mas hibernou compulsoriamente por conta da Lava Jato, finalmente ganhou a pauta da mídia.

Não pela boa vontade midiática ou empenho dos parlamentares. É na marra, por força dos prazos. Ela tem que estar pronta e votada na Câmara até o fim de maio para dar tempo ir ao Senado, tramitar, para que finalmente seja carimbada e passada o recibo pelo Congresso até o fim de setembro para valer em 2018.

Como diz o deputado Vicente Cândido (PT-SP): “Ou vai ou racha”.

Consenso não existe. Aliás, o único consenso é que não há consenso. Mas o voto em lista, aquele em que cada partido vota nela e não em pessoas, como sempre foi, ganha força a cada instante e alguns deputados baianos em Brasília admitem que têm grandes chances de passar.

O povo torce o nariz e os deputados federais sabem disso. O próprio Vicente admite: “Se ouvir o povo, não passa”. E fazendo coro com o povão, bradando contra, está grande parte dos deputados estaduais baianos, a maioria muito provavelmente.

Ouvimos 12 deles, oito são ostensivamente contra, dois são a favor, mas não agora, um ainda não firmou nenhum lado e só um é a favor. Veja algumas posições:

Ângelo Coronel (PSD) — presidente da Assembleia da Bahia:

— Sou contra. Só ajuda quem tem hegemonia no partido, para não dizer o dono.

Fabíola Mansur (PSB):

— Nem pensar. Para mim pessoalmente, pela posição que tenho no meu partido, até seria bom. Mas o processo ficaria muito cartorial, antidemocrático.

José Raimundo (PT):

— Sou a favor, com financiamento de recursos do Fundo Partidário.

Joseildo Ramos (PT):

— Sou a favor, mas não agora. Querem se esconder atrás do mandato e isso vai de encontro aos meus princípios.

Pablo Barrozo (DEM):

— Sou a favor, mas não agora.

Hildécio Meirelles (PMDB):

— Sou contra. O povo não aceita.

Luciano Ribeiro (DEM):

— Ainda não firmei posição.

Sildevan Nóbrega (PRB):

— Não dá. Iríamos voltar à época dos coronéis, agora nos partidos.

Euclides Fernandes (PDT):

— Sou totalmente contra. Seria a ditadura dos partidos.

Alan Sanches (DEM):

— Sou contra. A lista acaba com as campanhas eleitorais. Os candidatos majoritários, que são ancorados nas campanhas dos deputados, ficariam sozinhos. Isso não é democrático.

Adolfo Menezes (PSD):

— Sou a favor de ficar como está aperfeiçoado, com eleição de cinco em cinco anos. Acho esse negócio de eleição de dois em dois anos um absurdo.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.