Geddel chora, fala em ligações ‘por engano’ e reclama de algemas
Ex-ministro participou de audiência de custódia nesta quinta, quando foi mantida sua prisão preventiva; veja principais pontos e vídeo de depoimento
Em audiência de custódia nesta quinta-feira (6), o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), preso na última segunda-feira (3) em Salvador, negou que tenha sondado Raquel Pitta, esposa do doleiro Lúcio Funaro, sobre a possibilidade de ele firmar acordo de delação premiada.
Após ouvir Geddel e sua defesa, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, manteve a prisão preventiva.
Sobre o registro das ligações apresentado por Funaro à Polícia Federal, o peemedebista disse que algumas das chamadas foram feitas por engano – e que foram canceladas, inclusive, em função disso. Geddel chegou a afirmar que ligou para Raquel quando, na verdade, queria falar com a pediatra de seu filho.
“Se olharem as ligações que fiz, vão ver que são duas ou três, e que nem se completam. Elas são canceladas. Se o senhor olhar o meu celular, vai ver que a pessoa que eu cadastrei logo embaixo foi da pediatra de meu filho, que esteve internado no Hospital Aliança praticamente naquele dia. A única ligação feita foi um retorno de uma ligação da pessoa, que eu já conhecia, e a conversa foi só ‘como vai, tudo bem, como está sua menina?’. […] Em nenhum momento o conteúdo foi delação, pressão, ou sequer saber do marido”, declarou Geddel.
Ao ser questionado pelo procurador presente à audiência sobre a quantidade de conversas telefônicas mantidas com a mulher de Funaro no último ano, o ex-ministro disse que não seria capaz de precisar, mas reconheceu serem mais de dez vezes.
‘Prisão domiciliar’ e algemas – O ex-ministro ainda se comprometeu em seguir as medidas cautelares caso o magistrado revogasse a prisão preventiva, além de reafirmar que estaria disposto a cooperar com as investigações de todas as formas.
“Eu já estava praticamente em prisão domiciliar. Não saía mais de minha casa, a não ser para trabalho, para cuidar das coisas que tinha que cuidar, ou raramente para levar meus filhos para ver um pouco da luz do sol com o pai. Evidentemente que, se for essa a decisão do senhor, me comprometo a cumprir ipsis litteris, não tomar nenhum passo que possa me levar ao imenso constrangimento que estou vivendo do ponto de vista pessoal e moral”, disse Geddel, que chorou em vários momentos da audiência, principalmente ao falar do filho mais novo, de sete anos.
“O maior interessado em fazer com que meu nome [seja preservado], e que meu filho continue com meu nome, sou eu”, afirmou. Embora tenha negado qualquer maltrato em sua prisão, o ex-ministro reclamou do uso de algemas.
“Fui levado pela Polícia Federal ao aeroporto de Salvador, vim para cá [Brasília] com algemas, cheguei à PF aqui em Brasília por volta da meia-noite e alguma coisa. No dia seguinte, por volta das 14h, eu suponho, fui levado ao complexo penitenciário da Papuda e, surpreendentemente, dentro do carro fui de novo algemado. Não vi necessidade disso, mas devem ser as normas”, declarou.
Geddel classificou sua prisão como uma “surpresa” e negou ter agido para obstruir a Justiça. “Tenho 58 anos, nunca tive nenhum problema, nem de cheque sem fundo, nenhum tipo de problema. Tudo que fiz ou deixei de fazer foi sob orientação dos meus advogados. Tenho a crença inabalável, a convicção de que, em nenhum momento, tomei alguma atitude que pudesse ser de longe interpretada como embaraço à Justiça”, afirmou.
Defesa – O advogado de defesa, Gamil Föppel, reiterou o pedido de revogação da prisão preventiva, o que foi negado pelo juiz.
“Antes de falar em pressupostos da prisão, é necessário que se fale em materialidade de crime. Não há qualquer fato concreto atribuído ao senhor Geddel vieira Lima até esse instante”, disse o defensor.
Logo no começo da audiência, Föppel disse que, ao final do depoimento, a defesa forneceria a senha do celular de Geddel, apreendido no momento da prisão.
O advogado ainda mencionou certidões da Caixa Econômica Federal, da qual Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica, de 2011 a 2013. “A Caixa afirma categoricamente que o senhor Geddel Veira Lima sempre seguiu as normas protocolares e regimentais. Ele não tinha autonomia para aumentar ou alongar prazo de pagamento de financiamento ou diminuir taxas de juros. E a Caixa também afirma que não há nenhum prejuízo que possa ser atribuído ao senhor Geddel Vieira Lima”, afirmou.
Föppel ainda contestou a coleta de provas – como os prints das conversas via aplicativo WhatsApp, que não teriam passado por perícia – e mencionou a falta de gravações com a voz do acusado ou de registro de telefone atribuído a ele.
Em seu apelo para liberar o cliente, o defensor chegou a citar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, morto em um desastre aéreo no início do ano, e pontuar que espera que o peemedebista não seja compelido a delatar por meio de prisão cautelar. “Substancialmente, materialmente, Geddel não tem o que delatar”, reforçou Gammil.
Föppel reiterou ainda o que havia dito o próprio Geddel. “As medidas cautelares que vossa excelência fixar até o resultado final serão cumpridas. Se quiser que ele não saia de Brasília, ele não sai de Brasília. Se quiser que use tornozeleira eletrônica, ele usa. Se quiser pagamento de fiança, será feito […] O que Vossa Excelência determinar, a defesa, de antemão, já se coloca a disposição”, afirmou o defensor.
Decisão – Em resposta, o juiz Vallisney de Souza Oliveira justificou os motivos pelos quais o Ministério Público Federal requereu, em petição encaminhada nesta quinta-feira (6), à 10ª Vara Criminal do Distrito Federal, a manutenção da medida, e disse que as provas são “robustas”.
“Ainda que houvesse essa dúvida, sobre a sua autoria, o próprio Geddel, aqui em audiência de custódia, confirmou que a autoria é sua dessas ligações. Então, me parece que essa discussão fica, assim, superada. A respeito da juntada de provas, que fique claro que esse depoimento do senhor Lúcio Funaro foi espontâneo. Não dependeu de nenhuma medida autorizativa do Supremo Tribunal Federal”, esclareceu, ao deferir a manutenção da preventiva: “A prisão aqui decretada não decorre, simplesmente, das ligações, mas de todo um histórico, de um conjunto de fatos, que estão, na posição do Ministério Público Federal, ligados à atuação do senhor Geddel Vieira Lima”.
Confira o vídeo com a íntegra da audiência de custódia:
Mais notícias
-
Política
19h30 de 22 de dezembro de 2024
Alba aprova mais de 40 honrarias antes do recesso parlamentar
Concessão acontece depois de Adolfo Menezes endurecer regras para distribuição dos títulos
-
Política
19h00 de 22 de dezembro de 2024
Damares confirma possibilidade de assumir Comissão de Direitos Humanos no Senado
Em negociação, senadora diz que Republicanos deve presidir comissão
-
Política
18h00 de 22 de dezembro de 2024
Pesquisa Genial/Quaest revela ‘queda brusca’ na popularidade de Janja
Levantamento entrevistou 8.598 pessoas; nível de confiança é de 95%
-
Política
17h00 de 22 de dezembro de 2024
Lúcio Vieira Lima alfineta ACM Neto após João Leão anunciar que quer ser governador
Emedebista cutucou ex-prefeito de Salvador e disse que ex-vice-governador "tem currículo"
-
Política
16h30 de 22 de dezembro de 2024
Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo
Avião de pequeno porte caiu esta manhã em Gramado
-
Política
10h00 de 22 de dezembro de 2024
Lula endurece regras e veta condenados por abuso no indulto natalino
A medida é válida exclusivamente para o período de final de ano, significa o perdão da pena e é uma prática anual no Brasil
-
Política
09h05 de 22 de dezembro de 2024
Futuro presidente da Câmara terá 11 pedidos de CPIs para pressionar governo Lula
O deputado Hugo Motta é cotado para assumir o cargo; os requerimentos têm potencial para causar dor de cabeça ao Executivo
-
Política
07h32 de 22 de dezembro de 2024
Ministério anuncia que Brasil foi reeleito para o Comitê da Paz das Nações Unidas
O anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), que informou neste sábado (21), que eleição ocorreu por aclamação no dia 19 dezembro e valerá pelo período entre 2025 e [...]
-
Política
21h00 de 21 de dezembro de 2024
Lula planeja novo ato sobre o 8 de Janeiro em 2025, diz coluna
Em almoço, Lula disse a ministros que pretende realizar em 2025, no Planalto, novo ato em alusão ao 8 de Janeiro
-
Política
17h40 de 21 de dezembro de 2024
Rodrigo Pacheco nega plano de ser ministro de Lula
Presidente do Senado fez último pronunciamento do ano no púlpito do Salão Azul