Publicado em 29/08/2017 às 16h28.

Isidório defende painel bíblico: ‘Se fosse homem com homem era cultura’

Monumento com Bíblia, arca e pomba branca foi instalado no plenário da Assembleia na última semana, após a Mesa Diretora aprovar proposta do deputado evangélico

Rodrigo Aguiar
Foto: Sandra Travassos/ALBA
Foto: Sandra Travassos/AL-BA

 

Autor da proposta de instalar um monumento ao “Deus de Israel” – formado por uma Bíblia, uma arca e uma pomba branca – no plenário da Assembleia Legislativa (AL-BA), o deputado Pastor Sargento Isidório (Avante) acusou de “intolerantes” os parlamentares contrários ao painel, classificado por eles como um desrespeito à laicidade do Estado.

“Do jeito que essa nação está desmoralizada, cheia de molequeira, corrupção, talvez se fosse a imagem de um jegue morto, ou de um homem ‘garrado’ no outro, ou uma mulher na outra, neguinho diria que era cultura”, afirmou Isidório nesta terça-feira (29) ao bahia.ba.

Segundo o parlamentar, a instalação do painel foi contestada por “poucos deputados, três estourando”. Na sessão desta segunda-feira (28) na Assembleia, somente Fabíola Mansur (PSB), Luiza Maia (PT) e Marcelino Galo (PT) questionaram a peça, orçada em R$ 30 mil, segundo o próprio Isidório.

“Só tem esses três deputados, e uma [Fabíola] é a que quer cassar meu mandato, porque eu não quis deixar passar aula de sexo para criança de seis anos”, disse o pastor, sobre a briga com a socialista durante discussões relativas a gênero e sexualidade na votação do Plano Estadual de Educação.

A Comissão dos Direitos da Mulher na AL-BA protocolou uma representação no Conselho de Ética da Casa contra o parlamentar, por quebra de decoro, após a divulgação de um vídeo no qual ele toca a genitália da mãe e dá “graças a Deus por ela não ser sapatão”.

“O mais ridículo é que ela diz que a Bíblia dela é a Constituição, aí quando você abre a Constituição você vai encontrar que ela foi promulgada sob a proteção de Deus. Não foi sob a proteção do diabo”, ironizou o deputado.

Isidório discordou ainda do argumento de que o painel da Bíblia vai de encontro ao Estado laico. “Essa nação tem o feriado de 12 de outubro, da padroeira do Brasil; nós evangélicos, cristãos, aceitamos que a nossa nação tenha dia de vários santos, a gente respeita. O Dique do Tororó recebeu os orixás, e está lá”, comparou.

Em defesa ao monumento recém-instalado, o deputado citou ainda o painel Procissão de Bom Jesus dos Navegantes, pintado pelo artista Carlos Bastos, no plenário. Além da galeota “Gratidão do Povo” e de personalidades e políticos baianos – como o ex-senador Antônio Carlos Magalhães – a obra teria ainda, segundo Isidório, representações de orixás, além de “pedofilia, demônio com tridente”.

A homenagem ao “Deus de Israel” foi autorizada por ato da Mesa Diretora da Assembleia.

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