Publicado em 23/08/2018 às 10h59.

Moro compara operação do Banestado com Lava Jato: ‘Houve limites’

Presente em Salvador, juiz federal afirmou que os casos não tiveram o "mesmo apoio institucional": "Não conseguia se identificar os titulares daquele dinheiro"

Luiz Felipe Fernandez
Foto: Matheus Morais/Bahia.ba
Foto: Matheus Morais/Bahia.ba

 

Em evento nesta quinta-feira (23) em Salvador para receber a medalha do mérito Tiradentes, o juiz Sérgio Moro comparou as investigações do escândalo do Banestado, na década de 90, com a Operação Lava Jato. Ele argumentou que “não houve o mesmo apoio institucional” para tratar a questão na época e admitiu:

“Houve um limite do qual se chegou, onde foi praticamente [a prisão] dos lavadores de dinheiro, os doleiros”, disse Moro. Além da falta de “apoio institucional”, o juiz federal relacionou à falta de colaboração dos países chamados “paraísos fiscais”.

“A partir dessas contas iam para os beneficiários, que geralmente se encontravam em paraísos fiscais, que nessa época normalmente não cooperavam. Muitas vezes não conseguia se identificar os titulares daquele dinheiro, em poucos casos isso foi possível”, relatou o magistrado.

Em seguida, sem falar nomes, citou o deputado cassado Paulo Maluf, acusado de desvio de dinheiro. “Em poucos casos isso foi possível [prisão], um deputado recentemente cassado, ontem né, mas não vou falar dele”, comentou para o riso do público presente.

O juiz explicou que o sucesso da Lava Jato se deve à opção do Ministério Público Federal (MPF) de não propor uma “única ação penal gigante”, mas de dividir em acusações separadas. “Os fatos tão conectados, é o mesmo esquema criminoso”. De acordo com Moro, atualmente existem 78 ações penais que tramitam em Curitiba, “contra 328 indivíduos”.

Até o momento, segundo o juiz, foram 43 sentenças “prolatadas” com “cerca de 134 pessoas condenadas por corrupção, lavagem de dinheiro ou associação criminosa”.

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