Publicado em 10/06/2019 às 11h08.

Nordeste quer reformar Previdência, mas sem castigar quem já tem pouco

A sangria que flagela a Previdência vem dos privilegiados, não dos pobres

Levi Vasconcelos

São Paulo sozinho tem um PIB, segundo o IBGE, de R$ 1,349 trilhão. É quase duas vezes e meia mais do que os nove estados nordestinos juntos, oito vezes e meia maior que os R$ 159 bilhões da Bahia (oitavo do país e primeiro do Nordeste), 13 vezes mais do que Pernambuco (10º do Brasil e segundo do Nordeste), e 56 vezes mais do que o Piauí, o mais pobre entre os nordestinos.

Os números foram expostos ontem em Salvador no IV Encontro dos Presidentes das Assembleias do Nordeste, o ParlaNordeste, para deixar claro um fato: se a reforma da Previdência passar como o governo propôs, para os nordestinos, será um desastre.

Força previdenciária

Nelson Leal (PP), presidente da Alba, anfitrião do encontro, sintetiza a questão:

— Veja o caso do BPC (Benefício da Prestação Continuada, concedida a incapacitados por doenças e afins). O governo quer reduzir de um salário mínimo para R$ 400. Mais que um problema social, vai nos criar um gravíssimo problema econômico.

Temístocles Filho (MDB) diz que o Piauí arrecada R$ 10 bilhões por ano, e gasta com a Previdência R$ 1 bilhão.

— Queremos reforma da Previdência, mas não a reforma que vai prejudicar pobre. O governo despeja mais recursos na economia, via Previdência dos pobres, do que de FPM para os municípios. A sangria não está aí.

Em suma, eles dizem que a sangria que flagela a Previdência vem dos privilegiados, não dos pobres.

O recordista

Temístocles de Sampaio Pereira Filho, ou simplesmente Temístocles Filho (MDB), é uma raridade na política do Brasil: ele está na presidência da Assembleia Legislativa do Piauí há oito mandatos consecutivos, caminhando para 16 anos, um recorde que botou o baiano Marcelo Nilo (PSB), com cinco mandatos em dez anos, no chinelo.

Qual é o segredo?

— Quem vota é o deputado. Pergunte a eles.

Segundo a baiana Ivana Bastos (PSD), é simples:

— Ele defende mais os deputados do que o governo.