Publicado em 28/02/2018 às 14h42.

Opositor ‘desgarrado’ e Coronel são entraves para CPI da Fonte Nova

O deputado Samuel Jr. já "melou" outras tentativas de investigação e o presidente da Assembleia saiu em defesa de Jaques Wagner em ato

Rodrigo Aguiar
Foto: Mateus Pereira / GOV BA
Foto: Mateus Pereira / GOV BA

 

A bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) tem pelo menos dois obstáculos à instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para se debruçar sobre as investigações da Operação Cartão Vermelho: um “desgarrado” e o presidente da Casa, Ângelo Coronel (PSD).

Deflagrada na última segunda-feira (26), a ação da Polícia Federal (PF) teve entre os seus alvos o ex-governador e atual secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner (PT), e o secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, ex-diretor da OAS.

Os oposicionistas anunciaram nesta terça (27) que já contavam com 20 assinaturas para pedir a instalação da CPI da Fonte Nova.

Restaria, portanto, apenas o aval do deputado Samuel Jr (PSC) para alcançar o número mínimo necessário de assinaturas para protocolar o pedido de CPI.

Porém, apesar de integrar formalmente a oposição, o parlamentar ligado à Assembleia de Deus já deixou de seguir o grupo em diversos posicionamentos e reconheceu até mesmo não ter “aproximação real” com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Responsável por já “melar” outra tentativa de CPI da oposição, Samuel disse que ainda não sabe como irá proceder no caso da Fonte Nova.

Caso consiga a assinatura de Samuel (o que não parece uma missão fácil), a oposição ainda depende do presidente da Assembleia para decidir sobre a instalação do colegiado.

Coronel tem mantido o discurso de que atua como um “magistrado” e que seguirá parecer da Procuradoria Jurídica da AL-BA, caso o pedido de CPI chegue à sua mesa.

O deputado, no entanto, pleiteia uma vaga na chapa majoritária encabeçada pelo governador Rui Costa (PT) e com a possível presença de Wagner. Além disso, já “prestou solidariedade” ao ex-governador, em ato suprapartidário horas depois de deflagrada a Cartão Vermelho.

“Para instalar a CPI tem que ter fato determinado, não pode ser só delação. […] Sou contra tripudiar sem provas materiais. Acho que só pelo fato de alguém acusar não pode se execrar uma pessoa publicamente. Se a pessoa provar a sua inocência, quem vai reparar o psicológico? Pelo que a gente viu, foram só palavras de delator. Não foi pego nada que viesse a comprometer materialmente”, disse Coronel, em defesa de Wagner.

Conforme a PF, houve direcionamento na licitação, superfaturamento nas obras da Arena Fonte Nova e Wagner teria recebido R$ 82 milhões pelo acerto.

Responsável pelas investigações, a delegada Luciana Matutino afirma que, além dos depoimentos dos delatores da Odebrecht, há provas materiais de que dinheiro tenha sido entregue para emissários do ex-governador.

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