Publicado em 30/08/2016 às 08h49.

Otto: ‘Dilma caiu pelo conjunto da obra. Pedalada não derruba ninguém’

Senador Otto Alencar teve uma conversa com o presidente nacional do seu partido, Gilberto Kassab: "Kassab me pediu para votar a favor, mas entendeu"

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”

Dante Alighieri, escritor, poeta e político italiano, autor de A Divina Comédia (1265 – 1321)

(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR).
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR).

 

Antes de anunciar que vai votar contra o impeachment, o senador Otto Alencar teve uma conversa com o presidente nacional do seu partido, Gilberto Kassab.

— Eu expliquei a ele que já votei contra a admissibilidade do processo e contra a pronúncia, ficaria incoerente da minha parte agora votar a favor. Ia parecer que estou atrás de vantagens pessoais. Kassab me pediu para votar a favor, mas entendeu.

Otto diz estar convencido que no processo em si não há fatos que justifiquem a perda do mandato, até porque todos cometem:

— Teríamos que cassar uma legião de prefeitos e governadores. E Dilma não está caindo por isso, é pelo conjunto da obra. Uma série de atos de governo equivocados vitaminados pela Lava Jato gerou impopularidade e a ingovernabilidade.

Confissão

No Senado, ontem, Dilma se queixou que, desde o início do segundo governo, a oposição no Congresso não lhe deixou governar.

Ora, se a oposição não deixou era porque o governo não tinha comando político. E adubou os opositores ao lançar a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT) contra Eduardo Cunha (PMDB).

Segundo Otto, mais uma vez o governo errou feio. Nomeou para Ministérios-chaves figuras como Aloísio Mercadante e Miguel Rossetto, de São Paulo e Rio Grande do Sul, estados em que ele sofreu derrotas acachapantes.

Foi nesse vácuo que Cunha nadou.

Lídice e Roberto

Ao falar ontem no Senado, Lídice da Mata chegou a elogiar Dilma e citar “os traidores que até outro dia estavam com a senhora”.

O PSB, partido dela, que há muito a tem atravessada na garganta pelas posições pró-Dilma, não gostou.

Roberto Muniz (PP), o substituto de Walter Pinheiro, também vai votar contra.

Ou seja, no Senado, a bancada baiana vai ser leal a Rui Costa até o fim.

Para a história 1

Aliás, todos sabem que o impeachment é favas contadas. O jogo está jogado. O julgamento é político e os julgadores, ao invés de juízes, são promotores ou advogados de defesa.

A própria Dilma, ontem em seu discurso, nada disse de novo. Mais enfatizou suas obras.

Aliás, uma delas, o Porto de Mariel, em Cuba, que o BNDES soltou mais de R$ 1 bilhão para a Odebrecht; os adversários de Dilma que tanto a criticavam, tiveram que engolir calados.

Com a reaproximação entre Cuba e os EUA, o Porto de Mariel virou um “negoção” para a Odebrecht e o Brasil. Custou R$ 2,5 bilhões e já vale mais de R$ 40 bilhões.

Para a história 2

Dilma também muito responsabilizou Eduardo Cunha pelo impeachment. Segundo ela, ele chantageou e não foi atendido.

Pode ser

Marcus Matraga

“A hora e a vez de Marcus Matraga: a violência no campo e os conflitos agrários na Bahia” é o seminário que a Ufba realiza amanhã (18h), na reitoria, para marcar os seis meses do assassinato do professor Marcus Matraga, na quinta-feira do carnaval, em Pirajuia, município de Maragogipe.

Apesar das intensas pressões de mais de 20 entidades, a começar pela Ufba, o crime até hoje está insolúvel, mas amigos e parentes de Marcus são unânimes em apontar que ele foi vítima de um crime de mando gerado por questões de terra.

Memória

Marcus Vinícius, ou Matraga, como o chamavam, era um ícone da luta Antimanicomial na Bahia. O reitor João Carlos Salles, que abrirá o seminário hoje, incluiu na programação um espaço para reverenciar a memória do professor.

Caso Macho

O juiz Ernani Garcia Rosa se disse bastante surpreso com o fato do policial Daniel dos Santos Soares, acusado de ter assassinado o juiz Carlos Alessandro Pitágoras, em julho de 2010, numa briga de trânsito no Iguatemi, ter se apresentado como candidato a vereador em Salvador com o nome de Macho, pelo PTC.

Ele disse que presidiu toda a instrução do processo e, em 2011, quando se aposentou, estava tudo pronto para o julgamento.

Ou seja, o processo correu célere. Só ainda não chegou ao final.

Autoria contestada

A propaganda de Alice Portugal (PCdoB) dizendo ser ela autora do projeto que instituiu o piso salarial dos professores não está dizendo a verdade, segundo o ex-deputado Severiano Alves, hoje diretor do Instituto Anísio Teixeira (IAT).

— O piso resultou de uma emenda de minha autoria, a Lei do Fundeb. Alice Portugal apoiou, é verdade, numa circunstância em que o então ministro da Educação, Fernando Haddad, chegou a me chamar pedindo para retirar a emenda.

Severiano foi também o presidente da Comissão do Fundeb.

Peça trocada

Embora ainda esteja nos registros do TSE, o advogado Maílson Assis (PSB) não é mais candidato a vice-prefeito de Candeias na chapa do médico Pitágoras Alves (PP). O desgaste foi tanto que resolveram trocar, mas o estrago já está feito.

Lá em Candeias, em 2012, tinha sete candidatos, mas agora só dois, Pitágoras e a ex-prefeita Tonha Magalhães (DEM), que aparece como favorita.

Zumbi para Vilma

A socióloga Vilma Reis, ouvidora da Defensoria Pública do Estado, vai receber amanhã da Câmara de Salvador a Medalha Zumbi dos Palmares, concedida a personalidades que prestam serviços à luta contra o racismo.

O autor da homenagem é o vereador Sílvio Humberto (PSB).

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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