Publicado em 20/10/2017 às 08h44.

TJ vai eleger o novo presidente numa eleição insossa, sem o tempero de antes

Não há grupos hegemônicos. Os novos desembargadores, principalmente os egressos da OAB e do MP, se declaram independentes

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Os filósofos vivem em disputa e morrem na dúvida.”
Marquês de Maricá, escritor, filósofo e político brasileiro (1826-1848).

Foto: TJ-BA / Nei Pinto
Foto: TJ-BA / Nei Pinto

 

É lógico que as disputas no TJ baiano já não são mais aquelas em que a ingerência política era ostensiva, especialmente na era ACM, e o processo liderado pelo desembargador Carlos Cintra de bradar a independência, que virou o marco da primeira de uma série de derrotas que o carlismo sofreu até cair. Era um tempero e tanto, ainda duradouro nos tempos de Jaques Wagner, com uma convivência amistosa.

Enquanto lá esteve Cintra imperou no comando da maioria. Se aposentou, virou história. Isso acabou. Não há grupos hegemônicos. Os novos desembargadores, principalmente os egressos da OAB e do MP, se declaram independentes. E novos oriundos da magistratura, também.

É nesse clima que TJ vai realizar eleição para suceder a presidente Maria do Socorro Santiago daqui a 26 dias. Talvez por isso, ao contrário das disputas anteriores, quando se vislumbrava favoritos que quase sempre se confirmavam, agora o jogo é completamente embolado.

O cenário: dos cinco desembargadores que têm direito a postular o trono, Ivete Caldas e Maria das Graças Pimentel Leal sinalizaram que não têm interesse. Sobem os desembargadores Gesivaldo Brito e Cícero Landim, que se somam a Lourival Trindade, José Olegário Caldas e Rosita Falcão.

Até anteontem Lourival, Gesivaldo e Cícero despontavam com certa predominância, mas com a decisão do STJ que mandou arquivar o processo envolvendo Olegário, a coisa mudou.

Olegário recebeu em março a indesejável visita da PF em seu gabinete e pagou alto por isso. Em 2015 ele polarizou a disputa com Maria do Socorro, mas agora teve até algumas manifestações de apoio dela. A pendência no STJ era uma pedra. Livre do peso, entrou na campanha e alterou o quadro. Ou melhor, embaralhou mais ainda.

Segundo alguns desembargadores, a tendência é que o pleito tenha dois turnos. Lá também só se elege quem tem maioria.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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