Publicado em 25/08/2017 às 08h23.

Tragédia, diz D. Lenise, foi caso de descaso ou ‘uma grande derrota’

"Foi uma tragédia anunciada. Eu culpo o dedo do governo, a omissão da Capitania dos Portos e também da Justiça", aponta diretora da Associação Comercial de Vera Cruz

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Justificar tragédias como vontade divina tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas”
Umberto Eco, escritor e filósofo alemão (1932 – 2016)

Foto: Reprodução/ TV Record
Foto: Reprodução/ TV Record

 

Ex-presidente da Associação Comercial de Vera Cruz, delegada do Sindilojas e diretora estadual da entidade, D. Lenise Andrade, também uma antiga líder comunitária na Ilha de Itaparica, não escondeu a revolta ante o que interpretou como o fracasso da sua luta com a tragédia de ontem:

– Foi uma tragédia anunciada. Eu culpo o dedo do governo do Estado, a omissão da Capitania dos Portos e também da Justiça, que não julga as demandas encaminhadas pelo próprio Ministério Público.

Ontem, o ex-marido de D. Lenise, Edmilson Andrade, estava embarcado na lancha Cavalo Marinho. Escapou. A irmã, Lilian, também estaria. Não foi porque perdeu o horário. Pelos dois, um alívio. Pelos 18 mortos, um grande sentimento de perda.

Conta D. Lenise que a antiga administradora do ferry, a TWB, vendeu indevidamente uma balsa pertencente ao governo do Estado, a Bartira, que foi resgatada e fundeada em Bom Despacho para servir de atracadouro das lanchas de Mar Grande quando o tempo estivesse ruim:

– Nunca funcionou. E ninguém faz nada. Deu nessa tragédia que daqui a algum tempo todo mundo esquece. Falam da ponte. E enquanto a ponte não vem, vamos morrer?

Essa não dá para esquecer, D. Lenise.

Histórico em família

D. Lenise é irmã do deputado Zé Neto (PT), líder do governo na Assembleia. Ela conta que ele está ciente de tudo, com a ressalva de que o Hospital Geral de Itaparica (HGI) é uma lástima:

– Domingo mesmo, lá na nossa casa, em Feira de Santana, briguei com ele por isso. Um funcionário meu, de 41 anos, sofreu um AVC e morreu sem qualquer assistência.

Na mídia e nas redes

A notícia do acidente em Mar Grande repercutiu na mídia do mundo inteiro, com destaque. Da Ásia aos EUA. Ou seja, nunca houve tragédia lá, quando aconteceu, foi com T maiúsculo, infelizmente.

Aliás, nas redes sociais circula um vídeo de um episódio ocorrido em maio na travessia Mar Grande-Salvador.

As ondas fortes faziam a água invadir a lancha, deixando os passageiros, todos com coletes, apavorados.

Chama a atenção, e os passageiros gritam, que ninguém da lancha aparece para dar qualquer orientação. Sugere que o esquema, em caso de perigo, era na base do salve-se quem puder.

Veja o vídeo:

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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