Comerciantes da Calçada criticam abandono do bairro

Primeiro bairro entre a Cidade Baixa e o Subúrbio Ferroviário de Salvador, a Calçada ainda hoje é uma região que respira comércio. Quem vai ao bairro, logo no Largo da Calçada, já é recepcionado com os mais variados tipos de frutas e verduras. Por lá, “é tudo no precinho”, como afirma dona Violeta Santana, 42.

Mas o abandono da região é uma reclamação constante feita por moradores e comerciantes. A Feira do Curtume foi transformada em um extenso espaço onde só há mato. Os comerciantes que ainda resistem comentam a saga diária que se tornou atuar na Calçada, sobretudo em períodos chuvosos.

“Qualquer chuvinha de cinco minutos já alaga tudo, o largo enche de água até transbordar. Ninguém mais pode ficar aqui, porque fica tudo ilhado. Eu já arrumo minha barraca pensando na chuva. Coloco tudo em cima de caixotes vazios, porque não molha e estraga a mercadoria. Mas muitos dos meninos aí que vendem já perderam o estoque porque começou a chover forte, alagou e não deu tempo retirar”, contou a vendedora Jucimara Cruz, 32.

Outra queixa frequente é relacionada a qualidade dos passeios. Por onde se olha, há buracos. “Posso dizer que todo santo dia alguém cai em algum buraco passando por aí. Já vi idoso se quebrando todo”, acrescentou Jucimara.

Não bastassem os problemas já conhecidos comerciantes, outro fator passou a atrapalhar nas vendas desde o último mês. Um esgoto a céu aberto se formou no largo bem em frente à Estação Ferroviária da Calçada, uma das estações do Sistema de Trens do Subúrbio de Salvador.

“Já protocolamos pedido para limpar na prefeitura e na Embasa, mas fica um jogo de empurra, uma dizendo que a responsabilidade é da outra. Enquanto isso, a gente sofre aqui, principalmente o comércio de lanches. Já perdi cliente que não quis comer aqui por causa do odor. Sempre que chove é horrível. O esgoto transborda e vira uma poça de limo fedorento na rua. E a limpeza dessa poça quem faz somos nós, que juntamos dinheiro e pagamos alguém para limpar e minimizar o problema”, relatou Cristiane do Nascimento, que trabalha com a mãe na Lanches Primavera, movimentando o comércio de food truck.

Ela e outros trabalhadores que atuam no comércio da Calçada afirmaram à Tribuna da Bahia que agentes da prefeitura estiveram há alguns meses na região “fazendo algum tipo de cadastro” que seria para “auxiliar no reordenamento das barracas desde que a Feira do Curtume parou de existir”.

“Mas já faz tempo e não tivemos nenhum retorno, não sabemos de nada de reforma para esse bairro tão importante para Salvador”, explicou o comerciante Manuel Silva, 61.

Soluções – A Prefeitura de Salvador afirmou que um projeto de revitalização já está sendo analisado e vai beneficiar os comerciantes da Calçada.

“A Fundação Mario Leal Ferreira possui um projeto para a Feira do Curtume que envolve cobertura e instalação de boxes. Ou seja, é um projeto simples, mas que atende à demanda de uma feira aberta em um local fixo. O projeto está em análise junto à Secretaria de Ordem Pública (Semop)”, detalha nota enviada pela Secretaria Municipal de Comunicação (Secom).

Já sobre a limpeza do capim no local, o órgão afirma que a Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) efetua o serviço aos domingos com apoio da equipe especial que está no plantão. “Quanto ao serviço de roçagem, a Limpurb irá agendar o serviço”.

A responsabilidade do esgoto a céu aberto é mesmo da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). Em nota, a entidade garantiu que uma equipe visitou e já resolveu o problema.

“A Embasa informa que realizou serviço de desobstrução de um trecho da rede coletora de esgoto localizado no Largo da Calçada, em frente à estação de trem do local. Após a conclusão do trabalho, a rede de esgotamento sanitário voltou a operar normalmente”.

*Com informações da Tribuna da Bahia