Crise é apontada como culpada por atraso no novo Aeroclube
Construção do Parque dos Ventos também está estagnada. MP pode intervir
Quase dois anos após o anúncio da construção do novo empreendimento que ocupará o lugar do Aeroclube, quase nada foi feito e um grande vazio abandonado, cercado por tapumes, ocupa o privilegiado terreno na Orla de Salvador. A última iniciativa, em maio de 2014, foi a demolição da estrutura do antigo shopping, que um dia já foi a aposta de ser um dos mais importantes centros comerciais da cidade. De acordo com a assessoria de comunicação da Casa Civil da prefeitura, as intervenções são de responsabilidade da iniciativa privada e estão paradas devido à crise financeira que atinge a economia nacional.
O projeto prevê a implantação de dois empreendimentos que prometem revitalizar a área e o entorno. O primeiro é o Shopping Bosque, orçado inicialmente em R$ 225 milhões, que prevê a geração de aproximadamente dois mil empregos. Há estimativa de instalação de 270 estabelecimentos de menor porte, duas lojas-âncora, cinco megalojas, oito restaurantes, sete salas de cinemas e 2.676 vagas de estacionamento. No entanto, a obra está paralisada e sem alvará da prefeitura. O segundo, o Parque dos Ventos, é a contrapartida social da empresa, mas também está adormecido.
Segundo o secretário da Casa Civil, Luiz Carreira, o município está ciente do atraso na execução dos projetos e tem acompanhado de perto a situação. “Teremos uma reunião até o final do ano sobre como será feita a construção do novo empreendimento e um novo prazo para a entrega deve ser acordado junto ao grupo investidor, que alega falta de recursos gerada pela estagnação da economia para tocar o projeto”, justifica. Ainda de acordo com o auxiliar do prefeito ACM Neto (DEM), novos parceiros devem ingressar no projeto do shopping.
O responsável legal pela construção é o Consórcio Parques Urbanos, que tem o Grupo Jereissati como maior investidor. Um representante da companhia confirmou ao bahia.ba que as obras do centro de compras não foram iniciadas por causa do colapso financeiro, mas disse que o prazo de entrega, 2017, está mantido. Para tanto, serão realizados pequenos ajustes que pretendem manter o padrão de qualidade, com a garantia de estabelecer uma maior agilidade, com aplicação de menos recursos.
Parque dos Ventos– Previsto para ser entregue em março de 2016, o Parque dos Ventos também está com as obras atrasadas. A construção do equipamento chegou a ser iniciada após o Município e o consórcio assinarem um termo aditivo no contrato, que estabeleceu novos prazos para a conclusão do projeto, o que novamente não foi cumprido.
A situação é acompanhada pelo Ministério Público Estadual. “Caso o MP confirme que há um novo atraso na execução do projeto do Parque, as medidas cabíveis irão ser tomadas e podemos entrar com uma ação para cobrar ou a execução das obras ou a rescisão do contrato com o grupo gestor”, salientou a promotora Rita Tourinho.
O secretário Luiz Carreira admite a defasagem, mas argumenta que ainda há tempo hábil para que a população tenha acesso à nova área verde no primeiro trimestre do ano que vem.
O Parque foi pensado para ser um grande espaço de lazer ao ar livre, dotado de anfiteatro, quadras de vôlei de praia, pistas de skate, mirantes, esculturas em forma de dunas, além de ciclovias.
Reprise- A expectativa gerada pela construção de um centro comercial na orla da Boca do Rio não é novidade para moradores e comerciantes da região. O mesmo filme já foi visto no final da década de 1990, quando o Aeroclube foi inaugurado como a grande esperança de valorização e dinamização da economia local. No entanto, com o passar do tempo, o sonho se tornou pesadelo e, até a demolição, o terreno passou a ser utilizado para a ação de criminosos.
A empresária Luana Brandão Freitas, que possui uma loja de roupas femininas na região, afirma que a área continua violenta. “A minha mãe foi assaltada quando fazia caminhada pela manhã. Os bandidos se escondem por trás do tapume e surpreendem os passantes”, conta. Ela relata ainda que, como moradora da área, o último movimento de máquinas e operários que viu foi na época da demolição. Outra queixa da comerciante é relacionada à estética, uma vez que, com a intervenção, a área cercada por tapumes impede a visão do mar.
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