Publicado em 27/06/2017 às 08h11.

Cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi retornam ao Masp

Inaugurados em 1968, os cavaletes, retirados em 1996, promovem uma dessacralização das obras de arte e propõem um novo museu

Redação
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

 

Os cavaletes de cristal desenvolvidos pela designer e arquiteta italiana Lina Bo Bardi estão de volta ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), também projetado por ela. Inaugurados em 1968, os cavaletes de dona Lina foram removidos em 1996 e agora, 21 anos depois, recebem novamente o acervo do museu, em uma seleção de obras que datam do século 4 a.C. a 2008. Neles, as obras saem das paredes e, assim, ganham familiaridade com o público.

A proposta do Masp com o retorno dos cavaletes é promover uma revisão do programa museológico de Lina Bo Bardi com suas contribuições espaciais e conceituais: a partir da galeria aberta, transparente, fluida e permeável, que oferece múltiplas possibilidades de acesso e leitura, elimina hierarquias, roteiros predeterminados e desafia narrativas canônicas da história da arte.

O gesto de retirar as pinturas da parede e colocá-las nos cavaletes aponta para a dessacralização das obras, a fim de torná-las mais íntimas. Por outro lado, as legendas informativas colocadas no verso das obras possibilita um primeiro encontro com elas livre de contextualizações da história da arte. Nesse sentido, a experiência do museu torna-se mais humanizada, plural e democrática.

A inovação fica por conta da nova organização. Se na configuração original da exposição com cavaletes, Lina Bo e Pietro Maria Bardi organizaram as obras por escolas e regiões, agora elas estão posicionadas rigorosamente em ordem cronológica, dispostas em uma rota sinuosa, como em uma resistência elétrica. Tal organização não coincide com a cronologia da história da arte, com suas escolas e seus movimentos.

Assim, a transparência espacial da planta livre e dos cavaletes convida os visitantes a construírem seus próprios caminhos, o que permite justaposições inesperadas e diálogos entre artes asiática, africana, brasileira e europeia.

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