Chance de haver sobreviventes diminui
Ministério Público já pensa em mudar lei de barragens.
Mais de 72 horas após o rompimento de duas barragens da empresa Samarco em Mariana (MG), no início da noite deste domingo, 8, ainda era impossível precisar o número de vítimas. O governo do Estado admitia, porém, ser muito difícil encontrar vivo algum dos 26 oficialmente desaparecidos – duas pessoas tidas como sumidas foram encontradas ontem, segundo a prefeitura
O número total de desaparecidos agora é de 13 trabalhadores da empresa e 13 moradores. O Ministério Público só aguarda o fim das buscas para exigir do governo mudanças na fiscalização de reservatórios como os de Fundão e Santarém.
O comandante-geral dos bombeiros de Minas, coronel Luiz Henrique Gualberto, afirmou que um terceiro corpo foi localizado próximo da Barragem de Candonga, no município de Rio Doce, a 100 km de Mariana. Ainda não é possível saber, no entanto, se é uma vítima do acidente – o resgate ainda não pôde ser feito. Do mesmo modo, o coronel disse que não se pode afirmar que o corpo encontrado no sábado na mesma localidade tenha relação com a tragédia.
Assim, o Estado recuou da informação divulgada anteriormente. “Desconsiderem o que colocamos no twitter”, disse Gualberto. O comandante explicou que só após a identificação dos mortos será possível chegar a uma conclusão.
Conforme o delegado regional da Polícia Civil de Ouro Preto, Rodrigo Bustamante, já foram recolhidos material genético e impressões digitais para identificação em Mariana. Os resultados serão comparados com material genético dos familiares dos 26 desaparecidos, que ainda será colhido. Por enquanto, a única vítima confirmada da tragédia é Claudio Fiuza, de 40 anos, funcionário da Samarco. Entre os desaparecidos há cinco crianças
Buscas
O trabalho de buscas prossegue com 7 helicópteros e 13 equipes de salvamento, que atuam por terra. O foco é o distrito de Bento Rodrigues, o mais atingido, onde 500 famílias estão desalojadas.
Na manhã deste domingo, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), sobrevoou a região e afirmou que a prioridade é o trabalho de resgate, mas reconheceu ser muito difícil encontrar sobreviventes, especialmente os 13 funcionários da Samarco que trabalhavam perto do local onde ocorreu o rompimento. “A esperança diminui na medida em que o tempo vai passando”, disse o governador.
Segundo ele, ainda não houve pedido de verbas ao Estado para ajudar na recuperação de Mariana. Com relação a recursos federais, também não foram anunciados novos valores: a ministra dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, visitou desabrigados e informou que o atendimento atual é “correto”.
Causas e MP
Pimentel afirmou também que as causas do rompimento das barragens continuam desconhecidas, mas considerou que fez falta um alarme sonoro para avisar os moradores do risco que corriam. “Essa é uma medida que pode ser estudada.”
O Ministério Público Estadual de Minas só aguarda o término das buscas por desaparecidos para pressionar o Estado a alterar o sistema de concessão de licenças ambientais. A informação é do coordenador de Meio Ambiente do MPE, promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto.
Uma das mudanças a serem cobradas é que o monitoramento das barragens não seja mais feito pelas empresas. “É fundamental também que medidas como as que preveem planos de evacuação sejam mais bem definidas e cobradas”, disse.
O Ministério Público ainda deve questionar o fato de barragens como as da Samarco serem construídas nas proximidades de comunidades. Mas, para que a legislação ambiental seja alterada, será preciso agir via Assembleia Legislativa. Conforme afirma o ambientalista Apolo Heringer, esse é o principal entrave na mudança.
De acordo com ele, os conselhos ambientais atualmente são dominados pelo poder público (Estado e prefeituras) e empresas. “Os mais democráticos, que são os comitês de bacia, têm 30% de integrantes da sociedade”, diz. Segundo Apolo, normalmente, a pauta das reuniões é enviada aos conselhos com uma semana de antecedência. “Não dá nem para saber se o que está ali é do jeito que realmente é. Esse modelo está esgotado.”
Mais notícias
-
Brasil
19h00 de 03 de maio de 2024
País tem recorde de queimadas nos quatro primeiros meses de 2024
O número representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023
-
Brasil
18h23 de 03 de maio de 2024
Mortes no Rio Grande do Sul por causa das chuvas já chegam a 39
Mais de 8 mil pessoas já foram resgatadas
-
Brasil
18h13 de 03 de maio de 2024
CNM estima pelo menos R$ 275 milhões para cobrir danos no RS
Setor público calcula perdas de pelo menos R$ 59,9 milhões
-
Brasil
17h12 de 03 de maio de 2024
Justiça determina prisão de motorista de Porsche que causou acidente fatal
A colisão provocou a morte do motorista de aplicativo, Ornaldo da Silva Viana, e ferimentos no estudante de medicina Marcus Vinicius
-
Brasil
15h29 de 03 de maio de 2024
Chuvas: comporta de segurança rompe na zona norte de Porto Alegre
Capital gaúcha registra 450 pessoas desabrigadas
-
Brasil
12h14 de 03 de maio de 2024
População quilombola tem perfil jovem e maioria masculina, aponta Censo 2022
Estatísticas específicas sobre sexo e idade foram divulgadas pelo IBGE
-
Brasil
11h53 de 03 de maio de 2024
Concurso Nacional Unificado pode ser adiado no Rio Grande do Sul
Decisão deve sair nas próximas horas, diz ministro
-
Brasil
10h48 de 03 de maio de 2024
Justiça mantém condenação de Malafaia por danos morais contra jornalista Vera Magalhães
Pastor terá que pagar R$ 15 mil a jornalista por postagens com informações falsas sobre a profissional
-
Brasil
10h23 de 03 de maio de 2024
‘Maior catástrofe meteorológica da história do RS’, diz ministro
Paulo Pimenta, da Secom, afirmou que o foco é o resgate de vítimas
-
Brasil
10h05 de 03 de maio de 2024
Número de mortos em temporais do RS sobe para 32; há outros 74 desaparecidos
Mais de 24 mil pessoas estão fora de suas casas, aponta balanço da Defesa Civil