Publicado em 05/07/2018 às 17h06.

‘Cidade não está preparada para o cego’, diz presidente de instituto

Presidente do Instituto de Cegos da Bahia parabeniza as implantações de pisos táteis, mas aponta falta de outros equipamentos e, sobretudo, de sensibilidade por parte da população

Rayllanna Lima
Foto: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

 

Transitar pela capital baiana não costuma ser fácil para o deficiente visual, mas melhorou nos últimos anos por conta da aplicação do piso tátil pela cidade. Todavia, Salvador ainda está longe de considerada como preparada para pessoas cegas.

Em entrevista ao bahia.ba, a presidente do Instituto de Cegos da Bahia (ICB), Heliana Diniz, parabeniza as ações e diz que a “intenção da prefeitura em exigir piso tátil é boa”, mas a implantação, seguindo à risca as determinações da chamada Lei da Acessibilidade, acaba mais prejudicando do que ajudando. Para ela, cada espaço deve ser pensado de acordo com suas configurações.

“A lei estabelece cerca de 50 centímetros afastado do meio fio. Só que muitas vezes esse piso tátil acaba levando o cego a um muro, um buraco, um poste ou mesmo uma árvore. Às vezes esses centímetros acabam gerando acidentes. Cada ponto deve ser analisado separadamente”, avalia.

Além dos obstáculos na implantação, os deficientes visuais também sofrem com a falta de sensibilidade por parte da população, como aponta Heliana Diniz.

“O que a gente vê muito é barraca instalada no meio do piso, vendedores ambulantes ocupando esse espaço. Tem também muito carro que para em cima do passeio, estaciona e ignora o piso tátil. Falta sensibilidade às pessoas até para dar informações. Muitos são discriminados ao pedir ajuda a alguém para atravessar a rua. As pessoas, os donos de imóveis, por exemplo, também não cuidam de suas calçadas. Ando muito ali pela Cidade Baixa e as calçadas estão todas quebradas”, pontua.

Em sua análise, as ações de acessibilidade deveriam ser voltadas agora para equipamentos sonoros. “Algo que não existe aqui em Salvador. Cego não anda aleatoriamente pela cidade, aprende a andar em alguns lugares. Aprende a ir à padaria, ao açougue, ao instituto. Precisamos de equipamentos sonoros, que seriam muito mais valiosos. Hoje não existe nenhum sinal sonoro em Salvador”, afirma.

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