Não foi surpresa nem derrota para Bolsonaro, diz Eliana Calmon sobre aumento para o STF
Ex-ministra baiana afirmou ao bahia.ba que reajuste aprovado pelo Senado era um compromisso assumido pelo atual governo
A ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon afirmou que, para a magistratura, não foi nenhuma surpresa o Senado ter aprovado, em votação na quarta-feira (7), o reajuste salarial do Poder Judiciário de R$ 33 mil para R$ 39 mil.
Ela também diz não considerar que a concessão seja a primeira derrota do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), ao lado de quem coloca-se como uma espécie de conselheira.
“Para a magistratura, não houve surpresa nenhuma, porque já foi um acerto para, a partir de agora, incorporar o auxílio-moradia e, desta forma, calar a boca da população. Então, já era uma coisa esperada. A surpresa foi para Bolsonaro, certamente, porque já vai assumir uma massa falida e alguns bilhões, e isso é realmente preocupante”, declarou Eliana ao bahia.ba na manhã desta quinta (8).
Horas antes de a pauta ser levada ao plenário, Bolsonaro afirmou que via a proposta “com preocupação”. Para ele, não seria “o momento” para o Congresso referendar gastos. O reajuste vale para ministros do Supremo Tribunal Federal e para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Na avaliação da ex-ministra baiana, a reposta dos senadores, contudo, não chega a ser um revés político para o capitão da reserva.
“Eu não vejo nenhuma derrota pra ele. Eu acho que é mais uma preocupação diante de um país que está todo desorganizado, inclusive financeiramente. Primeiro, porque ele não tem o comando do Congresso Nacional. Segundo, porque ele não se pronunciou antes, já que se trata de um compromisso do presidente que está em exercício. Quando ele se manifestou, já era um fato consumado”, disse Eliana, que, durante sua passagem pelo STJ, comprou briga por se posicionar contra auxílio-moradia para juízes federais.
Sobre eventual convite para assumir um cargo ministerial, a ex-ministra afirma ouvir apenas especulações e nega ter interesse em fazer parte do novo governo.
“Está se especulando muito. Mas a minha conversa com a equipe é dizendo o seguinte: estou aposentada, com minha vida organizada e que eu não tenho nenhum interesse de pertencer ao governo. Em primeiro lugar, porque eu tenho o teto constitucional. Eu também abriria mão de um escritório de advocacia que me dá uma renda razoável, e não ganharia nada, porque eu já tenho o teto, que é a minha aposentadoria”, afirma a ex-ministra.
“Estou apoiando o governo, sou interlocutora, estou totalmente à disposição para o que precisarem, mas não para estar assumindo cargo e ter tempo integral para servir ao governo”, acrescenta.
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