Completando 30 anos, STF bate recorde em processos analisados
Analistas se preocupam com a capacidade do tribunal

Nos últimos seis anos, o número de processos julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) aumentou em mais de 50%. Conforme boletim estatístico da corte, em 2018 foram julgados 412,4 mil processos. Este ano, entre janeiro e março, foram julgados 83,2 mil processos.
O número de ações tem a ver com a amplitude de atuação do STJ, que lida com direito previdenciário, direito penal, direito público e direito privado. Instituído pela Constituição de 1988, o tribunal comemora 30 anos de criação neste domingo (7).
Conforme a Constituição, cabe ao STJ julgar uma quinzena de tipos de processos – entre causas originais e recursos de matérias que não sejam constitucionais, esses submetidos ao Supremo Tribunal Federal (STF), e nem próprios dos tribunais especializados, como a Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho.
Tribunal da cidadania
“É aqui que se discute aquilo que diz respeito ao cotidiano das pessoas”, disse Carlos Veloso, ex-presidente do STF (1999-2001). “São as matérias que mais interessam à comunidade, à população de um modo geral”, disse o ex-ministro ao justificar a denominação de “tribunal da cidadania” dada ao STJ por juristas.
“O STJ tem mesmo se preocupado com a vitalidade da cidadania, com a tonificação da cidadania. Acho que é merecido o título”, concordou Ayres Britto, também ex-presidente do Supremo (2012).
“Os direitos do povo brasileiro estão nas mãos dos ministros do STJ”, acrescentou Marcelo Lavenère, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (1991-1993).
Instalado em abril de 1989, em uma cerimônia no Supremo, o STJ só entrou em funcionamento em junho com 26 juízes egressos dos cinco antigos Tribunais Regionais Federais (TRF) e outros sete ministros que foram nomeados à época.
Uniformização
“Quando o STJ foi idealizado o que se buscava era um tribunal que não opusesse obstáculos à realização da Justiça e que tivesse uma compreensão acolhedora do cidadão”, disse Daniela Marques de Moraes, professora de Direito na Universidade de Brasília (UnB).
O STJ é responsável pela uniformização da chamada jurisprudência infraconstitucional, a aplicação das leis que estão abaixo da Constituição. A corte unifica decisões tanto da Justiça Estadual quanto Federal.
Para a Moraes, cabe ao STJ “fazer com que a compreensão plural ou diversificada de decisões de juízes de primeira instância ou de juízes de tribunais federais, sejam amparadas por compreensão mais ampla, de unidade do direito”.
A acadêmica pondera que a grande demanda de processos no STJ pode desvirtuar o papel inicial. “Hoje a expectativa do tribunal da cidadania pode perder muito na objetivação desses propósitos frente ao volume de demanda, que são analisadas e processadas nele. Sai um pouco da essência da garantia da cidadania para combate de volumes que é um combate burocrático”.
Casos singulares
O cientista político Leon Victor de Queiroz Barbosa, da Universidade Federal de Campina Grande (PB), destacou que a lei permite aumento do número de juízes do STJ e da capacidade de julgamento. “O que eu critico é que o STJ ainda possui apenas 33 ministros, podendo ser ampliado”.
Em sua avaliação, o STJ é “subutilizado” e com eventual expansão poderia “avocar algumas atribuições” do STF.
“É um tribunal importante e poderia se tornar ainda mais. É preciso pensar mais adiante e repartir com o STJ as competências do STF, que ficaram muitas para um tribunal de apenas 11 membros. O desenho institucional do STJ permite prestar um melhor serviço à sociedade”, argumentou.
Dos 30 anos de funcionamento do STJ, Barbosa destaca algumas decisões da corte, “casos singulares”, como a responsabilidade objetiva do poluidor por dano ambiental, “impenhorabilidade de bens móveis” que integram patrimônio da família (como mobiliário e aparelho de TV), casamento civil entre homoafetivos e cirurgia de transgenitalização.
Mais notícias
-
Justiça
13h09 de 16/09/2025
Gonet pede condenação de nove réus do núcleo 3 da trama golpista
Procurador-geral da República enviou pedido de condenação ao STF nesta segunda (15)
-
Justiça
07h00 de 15/09/2025
Filha de ministro do STF é hostilizada em univerdade: ‘Lixo comunista’
Caso aconteceu na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde a mulher leciona
-
Justiça
11h30 de 14/09/2025
CPMI vai recorrer de decisão do STF sobre depoimento do Careca do INSS
Corte decidiu facultar a presença do "Careca" e de Maurício Camisotti
-
Justiça
13h32 de 12/09/2025
STF marca data para homologação da ata do julgamento de Bolsonaro
Homologação está agendada para o dia 23 de setembro, durante a próxima sessão da Primeira Turma da Corte
-
Justiça
07h39 de 12/09/2025
Polícia Federal prende Careca do INSS e empresário
Eles são acusados de operar esquema de fraudes nos recursos de aposentados e pensionistas
-
Justiça
07h17 de 12/09/2025
Único a divergir no STF, Fux foi relator de outros processos contra Bolsonaro
Um dos mais emblemáticos foi o caso ação de Maria do Rosário contra o então deputado federal
-
Justiça
09h39 de 11/09/2025
STF pode decidir hoje se condena ou absolve Bolsonaro e outros 7 réus
Maioria simples pode ser formada pelo voto da ministra Cármen Lúcia
-
Justiça
07h22 de 11/09/2025
Quem falta votar no julgamento de Bolsonaro no STF?
Até o momento, placar está em 2x1 pela condenação do ex-presidente
-
Justiça
06h35 de 11/09/2025
Advogado de Bolsonaro diz que Fux acolheu tese da defesa
Ministro votou por absolvição total do ex-presidente
-
Justiça
09h45 de 10/09/2025
Fux abre voto elogiando Moraes, mas pede nulidade do julgamento de Bolsonaro
Magistrados entraram em rota de colisão na última terça-feira, 9