Moro não reconhece veracidade de mensagens nem vê ‘gravidade’ em conteúdo vazado
Ministro da Justiça admite que pode ter dito "algumas coisas" vistas nas conversas publicadas pelo The Intercept, mas que podem ter "inserções maliciosas"
Sérgio Moro, ministro da Justiça do governo Bolsonaro, concedeu nesta quinta-feira (13) uma entrevista ao Estadão, para dar a sua versão sobre o vazamento de supostas conversas entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, na qual trocam informações sobre o andamento da Operação Lava-Jato. O jurista disse não poder “reconhecer a autenticidade” das mensagens expostas por uma “invasão criminosa”, já que podem ter sido editadas e feitas “inserções maliciosas”.
“Poderiam ter pego, não tem problema nenhum quanto a isso. Mas não conseguiram, porque não estou no Telegram. Não tenho essas mensagens. Veja, são fatos que aconteceram dois três anos atrás. Não tenho memória de tudo. Vejo algumas coisas que podem ter sido coisas que eu tenha dito. Agora podem ter inserções maliciosas”, afirma.
Mesmo sem poder confirmar se houve “adulteração”, o ministro diz que o procedimento correto teria sido levar o material, na íntegra, para as “autoridades”. Para ele, no entanto, até o momento não há “gravidade” no que foi revelado pelo The Intercept, e diz considerar “absolutamente” normal o contato entre juízes, procuradores e advogados.
“Até porque, como eu disse, se os fatos são tão graves como eles dizem que são, até agora particularmente não vislumbrei essa gravidade, mas se esses fatos são tão graves como eles dizem que são, o que eles deveria fazer: pegar o material que receberam na forma original, não sei se é papel ou se é meio eletrônica, e apresentar para uma autoridade independente. Se não querem apresentar à Polícia Federal, tudo bem. Apresenta no Supremo Tribunal Federal. Aí vai se poder verificar a integridade daquele material”, reforça.
“É normal trocar informação, claro, dentro da licitude. Mas, assim, o que tem que se entender, é que esses aplicativos de mensagens, eles apenas aceleram a comunicação. Isso do juiz receber procuradores, juiz receber delegados, conversar com delegado, juiz receber advogados, receber demanda de advogados, acontece o tempo todo”, defende Moro.
Moro reconhece que em “outros países”, há uma restrição maior a este tipo de relação, ao contrário do Brasil. “A tradição jurídica brasileira não impede o contato pessoal”, diz o ministro.
“Às vezes chegava lá o Ministério Público: ‘ah, vou pedir a prisão preventiva do fulano X’. Às vezes, o juiz tem uma análise lá e fala ‘ó, precisa de prova robusta para pedir a prisão preventiva’. Assim como o advogado chega lá e diz “vou pedir a revogação da prisão preventiva do meu cliente”. Às vezes o juiz fala ‘olha, o seu cliente está em uma situação difícil’ para demonstrar, por exemplo, a correção do comportamento do cliente, afastar essa suspeita. Então, essa interlocução é muito comum”, exemplifica.
Questionado sobre a fragilidade da Operação Lava-Jato após o escândalo, Moro diz que há muito “sensacionalismo” em torno do caso e insiste ao defender que não viu “nada demais” no que foi divulgado. Ele se referiu à operação como um “trabalho sério” e que duvida da intenção dos hackers com o vazamento.
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