Lava Jato articulou apoio a Moro diante de tensão com STF, afirmam publicações
Objetivo era evitar que divulgação de papéis encontrados pela PF na casa de um executivo da Odebrecht acirrasse confronto com o STF
Procuradores na linha de frente da Operação Lava Jato se articularam para proteger Sergio Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal paralisassem as investigações num momento crítico para a força-tarefa em 2016, segundo mensagens privadas enviadas por uma fonte anônima ao The Intercept Brasil e analisadas pela jornal Folha de s. Paulo e pelo site.
Segundo as publicações, o objetivo era evitar que a divulgação de papéis encontrados pela Polícia Federal na casa de um executivo da Odebrecht acirrasse o confronto com o STF ao expor indevidamente dezenas de políticos que tinham direito a foro especial –e que só podiam ser investigados com autorização da corte.
O episódio teria deixado Sérgio Moro contrariado por criar novo foco de atrito com o Supremo, um dia depois de ele ser repreendido pelo tribunal por causa da divulgação das escutas telefônicas que tiveram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como alvo naquele ano.
De acordo com o The Intercept Brasil e a Folha, as mensagens indicam que os procuradores e o então juiz temiam que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, desmembrasse os inquéritos que estavam sob controle de Moro em Curitiba e os esvaziasse num momento em que as investigações sobre a Odebrecht avançavam rapidamente.
Ainda segundo as publicações, os diálogos sugerem que o incidente foi causado por um descuido da Polícia Federal no dia 22 de março de 2016, quando ela anexou os documentos da Odebrecht aos autos de um processo da Lava Jato sem preservar seu sigilo, o que permitiu a divulgação do material por um blog mantido pelo jornalista Fernando Rodrigues na época.
“Bola fora”
Assim que soube, no dia seguinte, Moro escreveu ao procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, para reclamar da polícia e avisar que acabara de impor sigilo aos papéis.
“Tremenda bola nas costas da Pf”, disse. “E vai parecer afronta”, completou, referindo-se à reação que esperava do Supremo.
O então juiz, avisou que teria de enviar ao tribunal pelo menos um dos inquéritos em andamento em Curitiba, que tinha o marqueteiro petista João Santana como alvo. Deltan disse ter contatado a Procuradoria-Geral da República e sugeriu que o juiz enviasse outro inquérito, com foco na Odebrecht.
Algumas horas depois, o procurador escreveu novamente a Moro para discutir a situação e sugeriu que não tinha havido má-fé na divulgação dos papéis pela PF. “Continua sendo lambança”, respondeu o juiz, no Telegram. “Não pode cometer esse tipo de erro agora.”
Deltan procurou então encorajar Moro e lhe prometeu apoio incondicional. “Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com Vc, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender Vc de injustas acusações”, escreveu.
O atual ministro da Justiça afirmou que temia pressões para que sua atuação fosse examinada pelo Conselho Nacional de Justiça e comunicou que mandaria para o Supremo os três principais processos que envolviam a Odebrecht, inclusive os que a força-tarefa tinha sugerido manter em Curitiba.
Dallagnol prometeu ao juiz que falaria com o representante do Ministério Público Federal no CNJ e sugeriu que tentaria apressar uma das denúncias que a força-tarefa estava preparando. A medida permitiria que o caso fosse encaminhado ao STF já com os acusados e crimes definidos na denúncia.
Os diálogos analisados pela Folha de S. Paulo e pelo Intercept fazem parte de um pacote de mensagens que o site começou a revelar no último dia 9. O material reúne conversas mantidas pelos procuradores da Lava Jato em vários grupos do aplicativo Telegram desde 2014.
Mais notícias
-
Política
21h20 de 02 de maio de 2024
Ministra propõe exceção fiscal para gastos com eventos climáticos
Marina Silva acompanhou comitiva presidencial no Rio Grande do Sul
-
Política
20h40 de 02 de maio de 2024
‘Lula deveria ter falado sobre acordos salariais, não pedir voto para Boulos’, diz Juruna
Secretário-geral da Força Sindical, Juruna diz que “não é papel do governo querer enquadrar o movimento sindical”
-
Política
20h20 de 02 de maio de 2024
TRE condena deputado Rodrigo Amorim por violência política de gênero
Parlamentar ofendeu a deputada Benny Briolly em discurso na Alerj
-
Política
20h00 de 02 de maio de 2024
Deputado diz que governo não entregou materiais agrícolas e ônibus parados em pátio
O parlamentar Leandro de Jesus (PL) realizou nova visita ao local e constatou que o prometido pelo Estado não foi cumprido
-
Política
18h28 de 02 de maio de 2024
‘O PT é contra o trabalhador’, diz deputado sobre tratativa da desoneração da folha
Samuel Júnior reforça que este caso é mais um que demonstra a arbitrariedade do Judiciário ao ‘atropelar’ as funções de outros poderes
-
Política
17h44 de 02 de maio de 2024
Lula tira do YouTube vídeo com pedido de voto a Boulos após decisão da Justiça
No link do vídeo, aparece a mensagem “Vídeo indisponível. Este vídeo foi removido pelo usuário que fez o envio”
-
Política
17h15 de 02 de maio de 2024
Bancada evangélica reage à proibição de conversão religiosa em prisões
A bancada evangélica estuda publicar comunicado acusando o colegiado ligado ao Ministério da Justiça de “perseguição religiosa”
-
Política
16h30 de 02 de maio de 2024
Valdemar diz que direita parece ter esquecido o que Moro falou contra Bolsonaro
“Ele queria ser candidato a presidente da República. Achava que derrotaria o Bolsonaro", relembra o presidente do PL
-
Política
16h14 de 02 de maio de 2024
Oposição aciona TCU após Lula pedir voto em Boulos durante a ato
No evento do 1º de maio das centrais sindicais, o petista discursou pedindo explicitamente votos no deputado Guilherme Boulos (PSol)
-
Política
15h44 de 02 de maio de 2024
Lula convida Pacheco para conversa em meio a imbróglio sobre desoneração de impostos da folha
Encontro está marcado para está quinta-feira (2) no Palácio do Planalto